A Amazon China acaba de se registrar
para operar como freight forwarder nos Estados Unidos, segundo informação do transitário Flexport, sediado na Califórnia, e com unidades em HJong Kong e Amsterdã.. O site da FMC
(Federal Maritime Commission) já inclui a empresa em sua lista de
intermediários autorizados para o transporte marítimo.
Registrada oficialmente com o nome de Beijing Century JOYO Courier, a Amazon China
detém agora toda a documentação apropriada para oferecer serviços de
transporte e, inclusive, prestar serviços para outras companhias. Este
seria o primeiro passo da Amazon na direção de um mercado que movimenta
US$ 350 bilhões, relata a Flexport.
Ao oferecer serviços de estufagem e transporte de cargas, a empresa
chamada FBA (Fulfillment by Amazon) vai facilitar a movimentação de
mercadorias em sua rede de distribuição. Em 2004, a Amazon havia
anunciado a compra da JOYO, na época um dos maiores varejistas online da
China, que foi considerado, em 2006, pela Comissão de Títulos e Câmbio
dos Estados Unidos, como uma “subsidiária de peso” da Amazon.
Ryan Petersen, CEO da Flexport, explica que atuar como transitário de
cargas faz mais sentido para a Amazon China do que para a matriz
americana, principalmente porque os serviços oceânicos a partir da China
serão extremamente mais atrativos no comércio mantido pela venda de
produtos chineses ao mercado comprador americano.
Como transitário de cargas, a Amazon faria com que tanto o fornecedor
quanto o atacadista fossem pagos pelo importador. Para a maioria dos
40.000 atuais vendedores que passam de US$ 1 milhão em vendas de
produtos pela Amazon anualmente, esta é uma mudança crucial em uma
empresa que trabalha tanto como canal primário de distribuição quanto
como um competidor feroz no mercado varejista.
Caso a matriz da Amazon
assumisse a condição de transitário, haveria o risco de que as operações
fossem prejudiciais ao mercado, como ancoragem de preços ou – o que
seria pior – o incentivo às compras diretamente do fornecedor, o que
interceptaria diversos distribuidores do mercado americano. Com o
serviço nas mãos da Amazon China, diz Petersen, a empresa pode oferecer
aos fabricantes o transporte direto até os armazéns da própria FBA, ou
com transferência para a rede de courier da Amazon.
O registro junto à FMC é somente o primeiro passo dado pela Amazon para
se transformar em transitário de cargas: é possível que as operações de
fato ainda demorem alguns anos para acontecer. No entanto, esta é uma
boa notícia para investidores, pois pode ser a primeira resposta da
Amazon ao fenômeno da Wish, aplicativo de comércio eletrônico móvel
líder em mais de 30 países.
O mercado indica que os fabricantes chineses
estão no firme propósito de realizar vendas diretamente a embarcadores
globais, uma vez que o consumidor hoje em dia já se contenta em esperar
por uma entrega, caso isso signifique economia no momento da compra. O
CEO da Wish disse, em entrevista à Recode, mídia especializada em
tecnologia digital, que a empresa vem competindo acirradamente com a
Amazon e o Alibaba para se tornar a primeira companhia a ultrapassar US$
1 trilhão em faturamento bruto de vendas. Entrar no mercado de
transportes para criar um sistema amplo e integrado de distribuição
direta das fábricas chinesas seria a resposta clássica de Jeff Bezos à
ameaça representada pela concorrência da Wish.
Ryan Peterson entende que a Amazon seria de fato um grande transitário de
cargas, por vários motivos. O primeiro deles começa pelos preços
praticados pelo transporte marítimo, extremamente inferiores aos
patamares históricos. Ele diz que, a partir de janeiro de 2016, os
clientes da Flexport já começaram a pagar valores abaixo de US$ 1.300
para embarcar um contêiner de 40 pés de Shenzhen a Los Angeles, o que
significaria que o frete para cada pacote enviado (dentro da média de
dimensões de unidades embarcadas) sairia a irrisórios US$ 0,14. Ou seja:
hoje em dia, já se pagam valores abaixo de US$ 10 para uma TV de tela
plana cruzar o Pacífico e chegar ao consumidor.
Com as tarifas tão baixas, uma considerável parcela dos custos
logísticos recai sobre os trabalhistas — especialmente na coordenação e
execução de transferências entre diferentes players da cadeia. É aqui
que a automação, algo que nenhum transitário conseguiria fazer nas
proporções com que a Amazon consegue, conferiria à empresa uma enorme
vantagem competitiva sobre os operadores tradicionais.
Com o uso de um
software para eliminar custos adicionais associados a burocracias
governamentais, atualizações de status, cotações, agendamentos e outros
trâmites, a Amazon será capaz de cortar significativamente os seus
custos, isso sem falar na eliminação de etapas de estufagem, no caso de
embarques já preparados na origem, que não precisarão ser reposicionados
no destino.
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