A nova lei dos portos, criada para resolver os imbróglios do setor, completa dois anos e
meio desde que entrou em vigor sem conseguir os resultados esperados. O consultor de infraestrutura e
logística da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Luiz Antonio Fayet, considera que o
primeiro avanço importante de objeto da lei foi a abertura para a
participação dos investimentos privados. Mas destaca que os
escalões inferiores do governo não deram a sequência que a presidente Dilma Rousseff enfatizou, frustrando o mercado.
“A definição das poligonais, é
um exemplo disso, elas são fundamentais para que a iniciativa privada
tenha segurança jurídica em investir, porque fora da área delimitada das
poligonais o investimento é livre. Acontece que os principais portos do
Brasil, que provavelmente representam 90% da movimentação não tiveram
as suas poligonais determinadas no prazo”, afirmou Fayet.
Após a queda da exigência da carga própria, uma nova polêmica se
levantou à instalação dos TUPs (Terminais de Uso Privado) – e um dos
vetores de investimento da Lei dos Portos. A demora do governo em
excluir áreas particulares das poligonais – delimitação da abrangência
do porto organizado – está atrasando a autorização dos novos terminais
privados. Como a lei definiu que a área do porto organizado é formada
apenas por bens públicos, os TUPs só podem sair do papel se as áreas
estiverem fora da poligonal.
“Faz quase um ano e meio e esses portos ainda não tiveram essa
determinação. A nossa esperança agora é que com essa troca de ministro e
com o trabalho imenso que ele está fazendo para recuperar o tempo
perdido, ele consiga o mais rápido possível começar a soltar as
poligonais dos portos que estejam mais organizados, com toda a
documentação pronta”, explica o dirigente, dizendo, ainda, ser essa uma coisa simples.
“Eu não consigo entender porque não fizeram isso até agora”.
O também consultor, Leandro Barreto aponta os TUPs como
um dos grandes avanços da lei, mas ressalta que a burocracia e toda
a política que ainda envolve o setor como um grande entrave. “Estamos a
três anos nisso, e por uma ineficiência político burocrática, ou por
falta de demanda ou qualquer outra coisa”, pondera.
Segundo Barreto, não há dúvidas que a lei trouxe avanços, citando como exemplo o
agendamento de caminhões em Santos, que segundo ele, já se mostrou
bastante eficiente visto que não houve nenhuma taxa de
congestionamentos, como os sempre vistos nos meses de fevereiro, março e
abril. “Nós tivemos a expansão do terminal de contêineres em Paranaguá e do Terminal de Salvador, a licença para que seja
feita a primeira etapa da bacia de evolução de Itajaí. Então houve, sim,
vários avanços em 2015, em termos de infraestrutura”, avalia ele.
O ex-diretor da Antaq (Agência Nacional de Transporte Aquaviário), Fernando Fonseca, entende que um
dos motivos da falta de interesse pelo terminal teria sido a falta de um
Ramal Ferroviário. Na opinião de Barreto, outros motivos também podem
ter causado a falta de interesse, entre eles, o segundo lote da BR 163,
onde as trades estão investindo e que ainda não saiu.
Na opinião de Fayet, o leilão não tinha intensão de “esgotar matéria”, o
objetivo foi começar. “Ele teve o sucesso de ter começado, mas ele não
pode ser o objeto de um festejo nacional porque nós sabemos o tamanho do
rombo e do atraso que nós temos que cobrir,”argumenta.
Para ele, é
preciso parar de olhar somente para as licitações e apostar nos TUPs,
“porque eles vão mudar a história do setor portuário brasileiro, por
consequência ele vão propiciar custos logísticos mais modestos e com
isso eles vão alavancar mais ainda o agronegócio”, aconselha, destacando
que os efeitos, a partir desse primeiro semestre é que vão mostrar se
vai ser possível adotar o ritmo que vem sendo imprimido pelo novo
ministro.
Acelerar os investimentos no setor também era um dos grandes desafios da
nova lei, que na opinião de Fayet, não foi cumprida. “Eu acho isso uma
grande frustação. Em agosto de 2012, eu pertencia ao Conselho da
Autoridade Portuária de Paranaguá, estávamos com todas as nossas
exigências legais cumpridas para entregar a SEP para que ela autorizasse
as licitações, durante esse período não foi tomada nenhuma providência e
inclusive tivemos o desprazer de ver que foi baixado um cronograma de
como seriam lideradas as licitações. Um cronograma por interesses que eu
desconheço e que colocaram, por exemplo, Paranaguá em um plano
inferior,” analisa.
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