O aumento do preço do bunker somado a situação econômica mundial, de
declínio econômico, fez armadores e afretadores de navios mercantes de
grande porte repensarem seu modo de navegar. A fim de diminuir o consumo
de combustível, a prática da redução de velocidades e, consequentemente
da carga de operação do motor principal, se tornou uma tendência no
transporte marítimo global.
Viscosidade, temperatura, consumo: termos que alegram qualquer
engenheiro. Assim como são esses os fatores cruciais quando se trata da
chamada transformação de combustível, exigida aos navios para entrarem
ou saírem das áreas de controle de emissão de poluentes, ECAs na sigla
internacional (Emission Control Areas).
Como explica o engenheiro
Karsten Bartlau, responsável pelo escritório de operações do “Kuala
Lumpur Express”, as regras em vigor desde janeiro de 2015 determinam que
o conteúdo máximo de enxofre no combustível nas ECAs deve ser 0,1%. “Em
regiões fora da ECA, o limite passa para 3,5%” diz o engenheiro.
Cada vez mais áreas marítimas no mundo têm introduzido regras
restritivas ao conteúdo de enxofre no combustível. Por esse motivo, os
navios porta-contêineres da Hapag-Lloyd, por exemplo, estão também
utilizando cada vez mais o Diesel de baixo enxofre MDO (Marine Diesel
Oil).
Segundo Wolfram Guntermann, Diretor de Meio Ambiente para a Frota da
Hapag-Lloyd, a companhia é favorável a inspeções regulares e rigorosas
em todas as ECAs. “É a única maneira de realmente chegarmos a ações que
intervenham no meio ambiente”, disse. Ainda segundo ele, as companhias
marítimas que seguem as regras de maneira rígida tendem a se preocupar
muito mais com a falta de inspeção do que com ela.
“Afinal, há muito
dinheiro envolvido – o combustível MDO custa quase duas vezes mais do
que o HFO. É por isso que a Hapag-Lloyd agora pertence à Trident
Alliance. Esta iniciativa é uma coalizão de armadores que trabalham em
prol da aplicação de regras transparentes para a regulamentação do
consumo de enxofre”, ressalta, dizendo ainda que “ao mesmo tempo, o
sistema de fiscalização permite o nivelamento da atuação das companhias e
uma competição mais justa”.
Consideravelmente mais caro, o MDO, sofre ainda com a elevação do valor
do petróleo, que tornou os especuladores mais pessimistas, já que o
preço do combustível se aproximou pela primeira vez desde agosto, do
patamar de US$ 40 por barril. Dessa forma, alguns mercados, anunciaram
queda nas apostas líquidas no diesel com ultrabaixo teor de enxofre.
Como é o caso dos EUA, por exemplo, onde a queda foi de 5,2 %.
Os
futuros do diesel tiveram um declínio de 5,1 % no período, para US$
1,4865 o galão. As apostas altistas líquidas na gasolina Nymex caíram 14
%, para 15.434. Os futuros caíram 5,8 % no período coberto pelo
relatório da CFTC, para US$ 1,3618 o galão.
Ainda segundo o engenheiro, a ação envolve ainda um procedimento
complexo: antes de o navio adentrar uma ECA, todo o sistema de
combustível precisa ser completamente alterado. Mas o que isso significa
exatamente? É necessário elaborar um relatório tecnológico a bordo.Para
o engenheiro Bartlau, as preparações para a alteração do sistema de
combustíveis precisam começar 24 horas antes de o navio adentrar a
fronteira da ECA.
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