O ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, e a
chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez, depois de reunião para discutir agenda de cooperação econômica e investimentos, anunciaram a criação de um
grupo de trabalho para reaquecer o comércio entre os dois países. Eles
reconheceram que, nos últimos dois anos, houve uma "redução importante"
na corrente de comércio e que irão aplicar "novos mecanismos para
torná-la mais representativa".
O encontro ocorreu em clima
cordial - ainda que, em dezembro, o Itamaraty tenha divulgado notas
duras sobre as eleições legislativas da Venezuela (vencidas pela
oposição), o que teria surpreendido Caracas e causado um desconforto na
relação bilateral. O tom incisivo, no entanto, não foi discutido entre
os dois ministros.
Rodríguez pediu que empresas brasileiras, como
as dos setores farmacêutico, alimentício e de higiene, tivessem maior
participação na economia venezuelana, salientando que o Brasil tem um
"papel estratégico" para aumentar os investimentos. "O comprometimento
do Brasil com a região nos inspira um momento de esperança em um futuro
de melhorias e enriquecimento", declarou a chanceler.
A Venezuela
tem uma dívida de US$ 2 bilhões com empresas brasileiras. Na reunião,
comprometeram-se a quitar a dívida (sem, no entanto, estabelecer prazos)
e sinalizaram interesse em aumentar a importação de remédios do Brasil -
o ministro da Economia Produtiva da Venezuela, Luis Salas, reuniu-se,
inclusive, com representantes do grupo Eurofarma para tratar da questão.
Outra intenção da Venezuela seria reformular a lei atual sobre a
exploração petroquímica e do ouro, de forma a tornar mais efetivas as
parcerias com investidores estrangeiros.
Sobre o decreto de
emergência econômica do presidente Nicolás Maduro, Rodríguez afirmou que
"são das conjunturas difíceis que surgem importantes consequências" e
que está em estudo um acordo para que "sejam exploradas as melhores
potencialidades do País".
O ministro Mauro Vieira disse que o
Brasil acompanha com "grande interesse" a evolução da situação da
Venezuela e que pretende "retomar, expandir e diversificar" o fluxo de
comércio entre os dois países. "A posição brasileira tem como centro a
promoção do diálogo democrático, tendo presente o imperativo de pleno
respeito à vontade do povo venezuelano, ao estado de direito, nos termos
estabelecidos pela legislação e pela própria constituição da
Venezuela", declarou.
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