Após registrar queda de 20% em sua
receita líquida no terceiro trimestre de 2015 e esperar resultado
semelhante para o quatro trimestre (ainda não divulgado), a Kepler
Weber, líder no mercado de armazenagem, trabalha com a perspectiva de
ajuste em 2016 e de volume de vendas semelhante ao de 2015. "Não vejo
motivo para desaceleração, nem para grande crescimento. O segundo
semestre, quando tradicionalmente ocorrem as vendas para a safra
seguinte, trará mais clareza sobre o resultado deste ano. Devemos
comercializar volume parecido ao de 2015", disse o vice-presidente da
companhia, Olivier Colas.
Para contornar dificuldades nas vendas de silos no mercado interno, a
empresa aposta em novas frentes de ação, como a atividade de manutenção
de estruturas de armazenagem de grãos existentes e movimentação de
granéis. Neste começo de ano, a percepção de Colas é a de que, de um
lado, produtores e empresas do setor assimilaram que o cenário
macroeconômico do país não mudará no curto prazo, e de outro as notícias
sobre a safra atual são positivas e haverá necessidade de se investir
em algum momento.
"O ambiente é turvo e pouco propício para fazer investimentos.
Entretanto, uma vez que o ajuste fiscal ocorra e o orçamento da União
seja executado, os recursos federais e das empresas voltariam a fluir",
explicou o executivo. "A questão é quando o Brasil vai voltar a
funcionar normalmente. A demanda é reprimida, mas o investimento do
produtor depende de sua rentabilidade e de sua perspectiva para o
futuro", complementou.
Para complicar, o setor viu no ano passado o montante oficial
destinado ao financiamento de armazéns minguar. Os recursos do Programa
para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) caíram de R$ 3,5 bilhões
do Plano Safra 2014/15 para R$ 2 bilhões referentes à temporada atual. O
PSI Cerealistas, que também contribuía para as vendas do setor, recuou
de R$ 1 bilhão em 2014 para R$ 400 milhões em 2015. No total, de R$ 4,5
bilhões com juros subsidiados, empresas da área passaram a contar com
menos de R$ 2,5 bilhões.
Não há perspectiva, até o momento, do volume de recursos que será
destinado a estes programas pelo Plano Safra 2016/17. Na tentativa de
criar novas fontes de receita, a Kepler vem dedicando maior atenção a
frentes até então deixadas em segundo plano. Uma delas é a atividade de
manutenção das instalações de armazenagem de produtos agrícolas
existentes no País.
"Isso era um trabalho que a Kepler não fazia tradicionalmente. Agora,
vamos buscar mais proativamente este tipo de projeto. Temos muita coisa
a oferecer para reformas", afirmou Colas. Ele espera ampliar as vendas
neste segmento em cerca de 20% em 2016. O Sul do Brasil, dotado de instalações mais antigas, é uma das áreas
com potencial para trazer retorno às investidas da empresa. Outra aposta
da Kepler são projetos relacionadas à movimentação de granéis em
portos.
Em 2015, o volume de produtos da Kepler destinado a projetos em
terminais portuários aumentou entre 20% e 40%, na estimativa do
vice-presidente da empresa. Companhias de logística, terminais
hidroviários, portuários e tradings com projetos no Norte do País
responderem por 50% desta demanda.
Em 2016, Colas espera que o crescimento das vendas para o setor se
mantenha, ainda que em níveis mais baixos do que os de 2015. "Continuar
crescendo na mesma velocidade será difícil. Mas vai aumentar em
comparação ao ano passado. Há muitas concessões novas e investimentos
previstos para a rota do Norte do país", disse o executivo.
Os silos, neste tipo de projeto, não são os produtos mais vendidos.
Predominam os transportadores horizontais de produtos e esteiras. Abrir
novos mercados também continua nos planos do executivo. A meta é
aumentar em 40% as exportações da empresa, em volume. Países na América Latina, África e Leste Europeu se mantêm no radar, a
exemplo da Rússia, cujas primeiras compras ocorreram em 2015. Colas
manteve ainda sua perspectiva de duplicar as exportações da empresa para
a Argentina, após a posse do presidente Mauricio Macri. Da média de US$ 2 milhões exportados para o país nos últimos anos, a Kepler Weber quer passar para US$ 4 milhões em 2016.
Nenhum comentário:
Postar um comentário