A Organização Não Governamental FerroFrente (Frente Nacional pela Volta
das Ferrovias), criada em janeiro de 2014 com o objetivo de
defender a “volta” das ferrovias e viabilizar pesquisas para o
desenvolvimento do setor, mantém em seu estatuto um parágrafo no qual se encarrega de “apresentar denúncias da ocorrência de práticas,
governamentais ou não, contrárias à ética e ao interesse coletivo e/ou
ambiental”.
Foi seguindo os princípios do estatuto que a ONG decidiu entrar com uma
ação de mais de R$ 200 bilhões contra o governo brasileiro em
compensação aos prejuízos causados pela falta de funcionamento do trecho
de 855 Km da Ferrovia Norte-Sul que vai de Palmas a Anápolis. A ação
reivindica inspeções judiciais no local, defendendo que o empreendimento
gerou expectativas e investimentos, e a falta de funcionamento fez
malograrem projetos particulares de iniciativas privadas ao longo do
trecho inoperante.
Segundo José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente do Centro de estudos
da FerroFrente, a ação prevê que o dinheiro seja depositado em um fundo
específico, de modo a gerar capacidade para reaquecer a movimentação do
setor ferroviário.
A ONG enfatiza que as ferrovias são a saída para
diminuir a movimentação de cargas e pessoas; diminuir o chamado custo
Brasil nas exportações de commodities, que, de acordo com a FerroFrente,
seguem encarecidas em mais de 30% pelo custo excessivo dos caminhões;
aumentar a segurança nas estradas e proteger o meio ambiente, vez que o
trem polui de quatro a dez vezes menos que o transporte sobre pneus.
A ação civil pública foi movida pelo próprio presidente, José Manoel
Ferreira Gonçalves, doutor e coordenador do curso de pós-graduação em
logística da Unip, em nome da ONG FerroFrente, contra a presidente Dilma
Rousseff, a União Federal, o Ministério dos Transportes, o DNIT
(Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), a EPL (Empresa
de Planejamento e Logística) e a Valec Engenharia de Construções e
Ferrovias.
Nos autos apresentados à 23ª Vara Federal da Seção Judiciária do
Distrito Federal, a entidade solicita inspeção judicial no trecho de 855
Km que liga Palmas, no Tocantins, a Anápolis, em Goiás, desativado
desde a sua construção por falta de licitada ou outro tipo de
oficialização para início de operações.
A conclusão das obras já data de um ano e meio atrás, e o trecho ainda
permanece sem utilização, o que, de acordo com a FerroFrente, representa
um grave dano ao patrimônio público, já que a falta de operações
praticamente sujeita a infraestrutura ao abandono: sem as atividades,
não há serviços periódicos de manutenção, de modo que os trilhos estão
tomados por mato e ferrugem.
A ONG alega também que os investimentos feitos na construção – assim
como os prejuízos resultantes da falta de utilização do trecho – são
desperdícios inaceitáveis do dinheiro público. Outros prejuízos
contabilizados na ação são decorrentes do chamado “descalabro
administrativo”, e vão além dos danos materiais, como perda de
capacidades competitiva do País, e queda na produtividade, não apenas do
setor dos transportes, mas da própria produção nacional.
Para solicitar a inspeção judicial, a ação movida pela FerroFrente
baseia-se no artigo 440 do Código de Processo Civil, em que ela é uma
ação admitida como como diligência realizada pessoalmente pelo próprio
juiz para fins de melhor verificação dos fatos, especialmente quando o
objeto em questão não puder ser apresentado em juízo. A ação foi enviada no dia 14 de janeiro pelo advogado Bruno César
Deschamps Meirinho, e depende da própria inspeção para que as
providências possíveis sejam estabelecidas.
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