O Morgan Stanley começa a ver uma luz no fim do túnel para o
Brasil, especialmente para o real. O banco norte-americano acredita que a
melhora das contas externas, o interesse dos investidores estrangeiros e
algum sinal de reação do governo corroboram com a percepção de que o
Brasil pode estar vivendo o período final do ciclo de enfraquecimento do
real. O MS entende que a moeda ainda perderá valor nos próximos
meses, mas deve começar a se recuperar no segundo semestre.
A
equipe de pesquisa de câmbio do Morgan Stanley em Londres concluiu nesta
semana a primeira atualização do cenário para o mercado de câmbio
global em 2016. O documento traz um tom menos pessimista com o Brasil.
"Sinais de que investidores de longo prazo começam a ver valor no Brasil
combinados com a melhora das contas externas sugerem que esta pode ser a
fase final do enfraquecimento do real", dizem os analistas da casa.
Segundo eles, o segundo semestre "será mais construtivo" para a moeda.
Consolidação.
No entanto, o banco avalia que ainda é preciso uma reação mais
assertiva do governo para consolidar a mudança. "A crise pode levar a
uma resposta das autoridades, o que pode ser o catalisador para uma
guinada do real."
Apesar de estar mais otimista com o real, o
banco ainda mantém a sugestão de que clientes permaneçam "vendidos" na
moeda brasileira porque a guinada não deve acontecer no primeiro
semestre. Ou seja, a casa recomenda ficar longe dos ativos em moeda
brasileira. Por enquanto, a recomendação é preferir ativos no México.
"Ainda há riscos no Brasil que não estão completamente refletidos no
preço do real", cita o relatório, ao mencionar que, até que a guinada
aconteça, o real seguirá os fundamentos da economia.
Após a forte
queda do real no ano passado, o Morgan Stanley reconhece que muitos
clientes estão ansiosos para voltar a investir no Brasil e aproveitar a
grande taxa de juros do País. O banco, no entanto, diz que ainda não é
tempo de comprar a moeda brasileira porque há riscos como a leniência do
Banco Central com a inflação e a política fiscal frouxa e novos sinais
de heterodoxia no governo. Eventuais erros do governo, como a venda das
reservas internacionais, atrasarão a retomada do otimismo.
"O
Brasil caiu 44% desde o começo de junho de 2014 e oferece 13 pontos de
carry-trade. A tentação de entrar é compreensível. Mas nós não achamos
que é tempo para isso. Ainda há um número de riscos no Brasil que não
está completamente refletido no preço da moeda", dizem os analistas da
área de câmbio do Morgan Stanley em Londres.
Entre os riscos, o
Morgan Stanley cita o Banco Central. "A decisão de manter o juro e
enviar uma mensagem positiva gera o risco de transmitir um sentimento de
indiferença em relação às últimas expectativas de inflação mais alta",
cita o documento.
No lado fiscal, o banco cita como risco as
recentes mudanças na equipe econômica, aumento maior que o esperado em
salários e a alta da oferta de crédito através dos bancos públicos.
"Isso tudo sugere uma mudança na direção de uma mistura de políticas não
ortodoxas vista entre 2011 e 2014", diz o banco.
No relatório, o
banco Morgan Stanley prevê dólar a R$ 4,20 no primeiro trimestre de
2016, R$ 4,30 no segundo trimestre e R$ 4,50 no terceiro trimestre. A
partir daí, a casa acredita que haverá inflexão das cotações para R$
4,45 no quarto trimestre. As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.
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