A Polícia Federal interditou, na manhã desta quinta-feira (21),
parte das operações da mineradora Vale e da siderúrgica ArcelorMittal
Tubarão no porto de Tubarão, em Vitória, por suspeita de crime
ambiental. A interdição foi determinada pelo juiz federal Marcus Vinícius
Figueiredo de Oliveira Costa, da 1ª Vara Federal Criminal, em medida
cautelar solicitada pela PF, que investiga supostos crimes
ambientais praticados pelas empresas que atuam no Complexo Portuário de
Tubarão.
Na decisão, o juiz determina que a interdição seja mantida até que a
emissão de poeira de carvão no ar e de pó de minério no mar de Vitória
seja interrompida. As empresas Vale e Arcelor Mittal Tubarão, que administram os
portos de Tubarão e Praia Mole, foram notificadas para que mantenham a
suspensão das atividades no Pier II (usado para o embarque de minério de
ferro) e no Pier de Carvão, onde são desembarcadas as cargas de carvão
mineral, fundamentais para o processo de fundição. Caso desrespeitem a
decisão, as empresas podem ser multadas em 6,6% do faturamento de cada
unidade.
Para justificar a decisão, o magistrado recorreu a documentos
produzidos por órgãos ambientais e a fotografias e vídeos registrados
pela Polícia Federal. "O material produzido apresenta o resultado de pesquisas realizadas
na região e conclui pela existência de índices mais elevados de doenças
respiratórias e cardiovasculares em bairros adjacentes à Ponta de
Tubarão, demonstrando a associação concreta entre a proximidade das
indústrias, contribuição industrial à poluição e sintomas", afirma o
juiz Oliveira Costa.
De acordo com a PF, as empresas que operam o complexo portuário são
investigadas por crimes ambientais decorrentes da emissão de poluentes
atmosféricos e lançamento de sedimentos no mar. Em um vídeo divulgado
pelas autoridades, o que parece ser chuva é, na verdade, minério de
ferro caindo no mar, durante o carregamento de um navio. O flagrante foi
determinando para a decisão da Justiça Federal.
"Inegavelmente, a decisão judicial expedida pela 1ª Vara Federal
representa um marco na história do Estado do Espírito Santo", afirma o
delegado chefe da Delegacia de Crimes Ambientais da PF, Décio Ferreira
Neto.
Por meio de nota, a Vale informou que recebeu a notificação "com
surpresa. Segundo a empresa, "tal medida paralisa as atividades de
exportação e importação da Vale no Espírito Santo, provocando grande
impacto na economia do estado, com reflexos em Minas Gerais. A Vale
informa que irá adotar todas as medidas judiciais cabíveis para garantir
o restabelecimento das suas atividades na Ponta de Tubarão".
A empresa informou ainda que vem "atuando e investindo
continuamente em seus sistemas de controle ambiental e cumprindo
rigorosamente a legislação ambiental vigente" e que reitera o seu
"compromisso com as comunidades da região da Grande Vitória, com o meio
ambiente e com as suas operações".
Em nota, a ArcelorMittal informou que não é operadora portuária dos
terminais de minério e carvão do porto de Tubarão, mas cliente dos
serviços de descarregamento de carvão, realizados pela Vale. A empresa
informa ainda que a paralisação não afeta de imediato suas atividades e
reforça que está comprometida em "melhorar continuamente os controles
ambientais, potencializando procedimentos e tecnologias" e que, para
isso, vai investir US$ 100 milhões até 2018 em sistemas e tecnologias
para "reduzir ainda mais as emissões".
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