A tendência é de nos próximos dez anos a maioria das cargas mundiais já
estejam sendo transportadas por navios inteligentes, os “smart ships”. Mas, para chegar até lá, algumas mudanças na cadeia logística ainda
devem ser feitas para adaptar os processos para que façam bom uso,
tanto da tecnologia quanto do imenso volume de informações que ela
deverá gerar.
Segundo Sue Terpilowski, presidente da
associação feminina de profissionais de transporte marítimo (WISTA UK –
the Women’s International Shipping & Trading Association), o avanço
da tecnologia pode representar oportunidades para as mulheres nesse
segmento. Ela explica que a trajetória da navegação terá sido de um
início “bastante pobre em termos de geração e aplicabilidade de dados”,
para a vanguarda das novas tecnologias.
O que vai mover essa mudança, explicou Terpilowski, será a demanda dos próprios clientes.
Também
diretora da empresa de comunicação Image Line, Sue Terpilowski afirmou
que, entre as mudanças esperadas, deveremos ter até navios “falantes”
nos próximos 10 anos. “Até mesmo a pintura do navio será feita de modo a
fornecer informações sobre as ondas que atingem a embarcação", relatou.
"Os novos
navios vão fornecer dados sobre o peso, e os pontos do navio em que a
carga sobrecarrega a estrutura do deck, quais os trechos mais
apropriados para slow steaming, além de outros elementos operacionais.
Serão várias as oportunidades para a indústria, mas será que o mercado
está preparado para aproveitá-las?”, questionou ela.
Sue
Terpilowski vai ainda mais longe, afirmando que a inteligência das
embarcações será a força motriz que vai determinar o futuro da
indústria, o tipo de navio empregado para cada carga e as competências
necessárias para a tripulação do futuro. Porém ela lembra que as
mudanças que acompanham a tecnologia deverão acontecer em diversas
esferas, desde legisladores até setores financeiros e de atendimento ao
cliente, algo para o qual os operadores deverão se preparar, por
exigência do próprio mercado.
Acenando para as tecnologias já
disponíveis hoje em dia, e que poderão ser aplicadas às embarcações do
futuro, Terpilowski citou os conceitos de M2M (machine to machine) e a
IoT (internet of things) como canais de conectividade em logística. “O setor de logística requer transparência. Para fazer logística
inteligente, um navio inteligente precisa ter níveis otimizados de
produtividade, com inventários reduzidos, o que permite um planejamento
de duas vias: compra/serviços inteligentes e produtos de uma gama ampla
de origens”, argumentou.
Entre os benefícios citados pela especialista, os
smart ships trazem segurança e qualidade para a carga, redução e
otimização de custos com containers e outros equipamentos, eficiência
logística, inclusive no que se refere ao uso da infraestrutura,
possibilidade de rastreamento e monitoramento de embarques multimodais
em tempo real, com grandes vantagens para as cargas refrigeradas, que
poderão ter sua temperatura controlada com rigorosa precisão durante
toda a operação.
Outras duas vantagens importantes, embora não
tangíveis, seriam a preservação ambiental, com uso mais eficiente de
combustível, e o controle de atividades ilícitas, com o monitoramento
mais preciso de cargas. No
entanto, embora as novas embarcações sejam de fato movidas a
tecnologia, Sue Terpilowski não acredita que elas venham a substituir ou
dispensar a tripulação humana.
Pelo contrário, ela afirmou que a nova
geração de smart ships deve, na verdade, aumentar a segurança do
trabalho, e transferir algumas das funções, que hoje são desempenhadas a
bordo, para centros operacionais em terra. Já as habilidades requeridas
ao profissional, essas sim, sofrerão alterações. Com olhos para o
mercado de trabalho, a WISTA aposta na tecnologia para abrir mais
frentes de trabalho para mulheres na indústria da navegação.
“Com uma
mudança no nível de capacitação, muda também a forma como os indivíduos
trabalham, tanto em termos de operações quanto de planejamento e
treinamento”, previu a presidente da associação, que enxerga, na
tendência, uma “oportunidade de ouro” para o avanço das mulheres no
setor de navegação.
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