Uma realidade a que as empresas brasileiras já se acostumaram é que
maior fatia do bolo é sempre compartilhada por poucas mãos. E no
comércio exterior, a disparidade é ainda mais evidente: apesar de o País
ser caracterizado por uma grande maioria de empresas pequenas, elas
representam apenas 1% das negociações internacionais, segundo
levantamento feito pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas).
Entraves não faltam. Desde as
dificuldades causadas pelo Custo Brasil até a falta de uma cultura de
internacionalização e qualificação do empreendedor, comercializar para o
exterior, que deveria ser extensão natural de mercado, ainda passa
longe das perspectivas das pequenas e médias empresas.
De acordo
com o consultor e professor de Empreendedorismo da Business School São
Paulo, Alessandro Saade, buscar compradores fora, depois de ocupar os
principais espaços no Brasil, ajuda a manter a companhia atenta aos
movimentos das concorrências local e global, bem como a expõe a novas
oportunidades. “Em ambos os casos há comprovadamente melhora do
resultado do negócio”.
Além de conhecimento, há outras barreiras
que representam empecilhos ao empresariado, entre elas capital de giro,
idioma e capacidade produtiva, o que inviabiliza a inserção de pequenos
negócios fora do Brasil. Os poucos casos de sucesso geralmente são
concretizados de fora para dentro, explica o economista e professor do
MBA Executivo do Insper, Otto Nogami:
“O que vemos, em casos de sucesso,
é um investidor estrangeiro que se interessa por determinado produto, e
se encarrega de abrir as portas lá fora”. Nogami acredita que uma
solução seria estabelecer parcerias para realizar remessas em conjunto,
com custos e processos compartilhados, realizados por operadores
logísticos.
Inspirado nos
termos do Simples Nacional, Brasil e Argentina vêm trabalhando em uma
proposta, atualmente em trâmite no congresso, que criará um tratado de
livre mercado para pequenos negócios dos dois países, estimulando as
atividades de exportação. A ideia inicial seria incentivar transações
com base na formatação de um acordo bilateral com a Argentina para, em
seguida, expandi-las para outros países do Mercosul.
Segundo
a FecomércioSP, o Simples Internacional atua atuar em quatro frentes. A
primeira será a criação do operador logístico para facilitar os
embarques; a segunda envolve o uso de moedas locais para transações, sem
a necessidade de conversão em dólar; a terceira estabelece tratamentos
iguais entre alfândegas; e a quarta seria a criação de uma plataforma
eletrônica de negócios, como uma espécie de rede social empresarial para
facilitar o intercâmbio.
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