O Porto de Rio Grande (RS), mesmo com as dificuldades que as economias brasileira e gaúcha vêm
enfrentando, espera fechar 2016 com um novo
recorde de movimentação de cargas. A expectativa é que o complexo opere
com aproximadamente 39 milhões de toneladas neste ano. Em 2015, o volume
atingido foi de cerca de 37,6 milhões de toneladas.
O diretor técnico do porto, Darci Tartari, explica que a
projeção deve-se ao bom desempenho do agronegócio. "Essa cadeia é uma
ilha que se sobressai dentro da crise", enfatiza o dirigente. Tartari
complementa que os principais itens transportados pelo porto são ligados
a esse setor, como a soja e seus derivados, fertilizantes, trigo, entre
outros.
O diretor comenta ainda que a celulose, depois da ampliação da
capacidade de produção da planta da CMPC Celulose Riograndense, em
Guaíba, também vem crescendo em importância por causa da exportação do
produto, que deve chegar neste ano a cerca de 1 milhão de toneladas.
Uma iniciativa que deve favorecer o escoamento desse material é a
modernização de 1.125 metros do cais público, que conta com recursos do
governo federal na ordem de R$ 97 milhões. Iniciada em 2014, a medida
ampliará o pátio de manobras e melhorará as condições de atracação dos
navios, agilizando os embarques e desembarques. Até o momento, o porto
está utilizando, em fase de testes, 375 metros da nova estrutura e a
previsão é de término dos trabalhos em meados de 2017.
Tartari participou ontem do lançamento da publicação FEE Setorial,
analisando o segmento de celulose de mercado. O evento teve também com a
presença do presidente da CMPC Celulose Riograndense, Walter Lídio
Nunes. Sobre o aproveitamento do modal aquaviário, o empresário destacou
que, além do escoamento da celulose pela hidrovia gaúcha, até chegar a
Rio Grande, a companhia também traz do porto de Pelotas parte da madeira
que utiliza como matéria-prima na unidade da Região Metropolitana.
A
operação pela estrutura pelotense começou em outubro e até o final do
ano deverá atingir a capacidade plena de movimentação (cerca de 1,2
milhão de toneladas de tora de madeira por ano).
CMPC aguarda por fim da restrição da compra de terras por estrangeiros
Durante a palestra na Fundação de Economia e Estatística (FEE), o
presidente da CMPC Celulose Riograndense, Walter Lídio Nunes, manifestou
seu descontentamento com parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) que
limita a aquisição de terras brasileiras por empreendedores estrangeiros
(a controladora da CMPC Celulose Riograndense é chilena).
O empresário
salienta que essa postura é um obstáculo à expansão do setor de celulose
no Brasil (por causa da dificuldade para se conseguir áreas para o
plantio de florestas) e recorda que a finlandesa Stora Enso pretendia
construir uma planta de celulose na Fronteira Oeste gaúcha e acabou
desistindo.
Assim como a Stora Enso, a Votorantim Celulose e Papel (VCP) também
almejava implementar uma fábrica no Estado, porém a unidade seria
instalada em Rio Grande ou Arroio Grande, mas, por fatores distintos, a
ideia não prosseguiu. Quando fez menção a esse projeto na sua
apresentação, Nunes deixou escapar que sonha em "ver se esse
empreendimento ainda acontece", transparecendo que a CMPC, caso tenha
condições jurídicas e de mercado, poderia abrir um novo complexo
produtivo no Rio Grande do Sul.
O executivo espera que o parecer da AGU
seja revisto e salienta que vários segmentos do agronegócio, além do
setor de celulose, ficam impedidos de crescer através investimentos que
poderiam vir do exterior. "A gente sabe que o Brasil não tem poupança
interna para bancar seu autodesenvolvimento", frisa Nunes. O presidente
da CMPC estima que uma nova fábrica, com capacidade para produzir cerca
de 2 milhões de toneladas ao ano de celulose, significaria, em
investimentos florestais e na própria unidade industrial, um aporte de
aproximadamente R$ 10 bilhões.
Conforme Nunes, o Brasil verifica em torno de 7,8 milhões de hectares
em florestas plantadas, o que não representa 1% da área total do País. A
produção nacional de celulose é de cerca de 17,4 milhões de toneladas
anuais (sendo 9,4 milhões de toneladas destinadas para exportações),
sendo a quarta maior do planeta, atrás somente dos Estados Unidos, China
e Canadá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário