As exportações de espumantes brasileiros apresentaram um crescimento
de 36,6% de janeiro a outubro deste ano em relação ao mesmo período de
2015. Foram comercializados 153,3 mil litros da bebida para o Exterior.
Em valor, o desempenho cresceu 48,7%, atingindo US$ 636,7 mil. Reino
Unido, Estados Unidos e Paraguai estão entre os principais destinos do
produto.
No mercado interno, devido a fatores como quebra de safra e
conjuntura econômica, as vendas apresentaram retração de 11,6%, com a
negociação de 11,4 milhões de litros. Entretanto, o desempenho comercial
de 2016 da categoria apresenta alta de 8,2% em relação à média
acumulada nos últimos cinco anos. O último trimestre, que no ano passado
concentrou 49,5% das vendas anuais do produto, deve apresentar
estabilidade nas comercializações.
O presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Dirceu
Scottá, analisa o cenário de vendas de espumantes em duas frentes. Na
primeira, o dirigente destaca o aumento das exportações da bebida para
alguns dos países-alvos do projeto setorial da entidade em parceria com a
Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos
(Apex-Brasil), o Wines of Brasil, o que demonstra recuperação do fôlego
no mercado externo e consolida a imagem do país como um produtor de
espumantes de qualidade e identidade reconhecidas.
Por outro lado, a queda verificada no mercado interno é justificada
pelo presidente devido à quebra de safra de 57%, que aumentou os custos
de produção e o preço final, e à crise econômica. "O setor vitivinícola
não está descolado da realidade do país e também sofre com o momento
conturbado que atravessamos. Nas exportações é cada vez mais visível a
nossa vocação para espumantes e a ótima aceitação dos mercados", afirma.
Scottá também valoriza o grande número de premiações – de 2010 a
2015, foram mais de 1,3 mil medalhas em concursos internacionais para os
espumantes brasileiros –, a divulgação na mídia e os investimentos das
vinícolas em tecnologia que têm priorizado a elaboração da bebida para o
resultado das exportações. Em outubro, a Decanter Magazine, uma das
principais publicações internacionais do segmento, deu grande destaque
para a produção verde-amarela, classificando o estágio atual do
desenvolvimento do setor como “histórico e consistente”.
O presidente do Ibravin antecipa que as vendas no final do ano não
deverão repetir o crescimento registrado nos últimos anos. Entretanto, o
fato de grande parte do volume de espumantes serem comercializados no
último trimestre pode ocasionar num resultado final de vendas semelhante
ao registrado em 2015. "As comercializações neste período costumam ser
maiores em volume em função das festas de final de ano, o que pode
ajudar nesta recuperação das vendas até outubro", projeta. Para efeitos
de comparação, em todo o ano passado, foram comercializados 18,8 milhões
de litros do produto, sendo que 9,28 milhões de litros foram efetivados
apenas no último trimestre.
O vice-presidente do Ibravin e presidente da Federação das
Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho), Oscar Ló,
também acredita numa recuperação nas vendas de espumantes nos dois
últimos meses. O dirigente vê com otimismo o mercado para a bebida,
apesar da retração registrada até o mês de outubro. "Todos os segmentos
apresentaram queda nas vendas, inclusive os espumantes e o suco de uva.
Mesmo assim, acreditamos num pequeno crescimento para a categoria e
torcemos para termos uma boa safra para podermos equalizar melhor os
custos de produção com o preço na gôndola", explica.
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