“O Brasil terá um Natal ligeiramente melhor do que o do ano passado,
graças à previsão de que o período de festas deve trazer o primeiro
resultado de crescimento anual desde 2010, com queda nas importações e
uma tímida retomada da produção e da confiança nacionais”, avalia o
relatório da Maersk Group para o mercado internacional, realizado a
partir de dados do DataLiner.
O armador menciona o aumento
das exportações de commodities agrícolas, alavancadas pela disparidade
cambial que enfraqueceu o real durante o ano, e o enfraquecimento das
vendas no terceiro trimestre, mas declara como evidente a necessidade de
mais abertura e de mais acordos bilaterais para a economia brasileira,
bem como o desenvolvimento de planos de concessões para reduzir a
dependência do país nas variações cambiais.
Para 2017, a Maersk
Line prevê que o mercado brasileiro deva registrar crescimento de não
mais do que 1%, praticamente metade do que a companhia acredita que será
o crescimento da demanda mundial. “Finalmente, enxergamos um Natal
ligeiramente melhor, porém, temos de nos lembrar de que a nossa base de
comparação é bastante baixa, uma vez que passamos por cinco anos
sucessivos de queda drástica nos volumes”, avaliou Antonio Dominguez,
Diretor Administrativo do cluster da Maersk Line para a Costa Leste da
América do Sul.
Ainda no relatório da companhia, Dominguez explicou que o
Brasil está novamente em transição, com uma menor queda nas
importações, e uma refreada nas exportações, o que provavelmente tende a
reverter a tendência do segundo trimestre (quando as exportações
superaram as importações, posicionando o País como um bom exportador em
termos de volumes de containers).
Além da necessidade de
trabalhar as suas fronteiras, suspender barreiras, estabelecer acordos
bilaterais e desenvolver as concessões, Antonio Dominguez mencionou
também a redução da burocracia como crucial para o avanço do país.
O
Diretor Comercial da Maersk Line para a Costa Leste da América do Sul,
Nestor Amador, concorda que o País precisa traçar um plano para não
depender tanto do câmbio. “O crescimento das exportações do País é muito
dependente da depreciação do real, e isso precisa mudar, para o bem do
país, da indústria e da agricultura. Atualmente a 9ª economia mundial, o
Brasil precisa urgentemente melhorar as condições para deixar de
configurar como 70º na lista das economias mais fechadas do mundo, e
voltar a crescer para ganhar uma posição entre os Top Five”.
Ao
American Shipper, Antonio Dominguez contou que o mercado tinha
esperanças de que a economia se recuperasse mais rápido do que está
acontecendo de fato. “Não é que as coisas estejam piorando, mas
infelizmente elas não estão melhorando tão rapidamente como
esperávamos”, disse, em entrevista à publicação americana.
“Para o
setor marítimo, a demanda bastante fraca por importações tem
restringido o crescimento das exportações, na medida em que reduz a
oferta de navios e equipamentos de manuseio de containers para suprir o
mercado internacional”, explicou.
João Momesso, Diretor de Trade e
Marketing, detalhou a situação: diante da economia retraída, o
brasileiro tem comprador menos mercadorias de outros países, o que levou
os armadores a reduzir os seus serviços para o Brasil e para a costa
leste da América do Sul, acompanhando a queda na demanda – o que causou
também redução de capacidade para exportar.
“O desequilíbrio entre
importações e exportações também se traduz em menos containers
disponíveis no país, para serem usados para exportação”, alertou
Momesso, acrescentando que a rota da Ásia para a América do Sul foi a
que mais sofreu retração de oferta. Em suma, Momesso avisa que “o
potencial das exportações tem sido tolhido pelo mercado de importações”.
Já para a Europa, onde também se realizam os transbordos das
cargas destinadas ao Oriente Médio e a África, os operadores conseguiram
manter o equilíbrio da demanda e dos serviços. Também há otimismo no
setor de cargas refrigeradas, de acordo com o relatório da Maersk,
realizado a partir de dados do DataLiner. No ano passado, os volumes
para a China tiveram aumento de 10 a 15%. Neste ano, a Maersk encomendou
mais de 50.000 novos containers refrigerados, baixando a idade média da
frota de 12 anos (parâmetro internacional) para 7,9 anos.
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