O prefeito eleito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), quer municipalizar o Porto da cidade, além dos nove hospitais federais do município. O pedido foi feito durante
jantar com o presidente Michel Temer, oferecido ao primeiro-ministro de
Portugal, António Costa, neste fim de semana.
Ele reivindicou que fosse repassado à prefeitura o
controle de todos esses equipamentos. “Já conversei com o ministro dos Transportes, conversei com Temer
agora e ele disse que vai estudar. Já há precedentes, e eu mostrei o
interesse do Rio” afirmou, após o jantar.
Antes mesmo do encontro com
Temer, Crivella já se mostrava otimista e avaliava que não haveria
“problema” na negociação, lembrando que o governo federal já fez
delegações de portos para outras prefeituras.
Na área da saúde, o prefeito eleito ressaltou que seria importante o
aumento dos repasses da União. “Não tenho medo de ser um gestor pleno do
SUS (Sistema Único de Saúde) se nós pudermos contar com os repasses e
reajustes dos repasses para que não estrangule o Tesouro municipal.
Seria bom para ambas as partes”, disse.
Os hospitais federais no Rio são o Cardoso Fontes, em Jacarepaguá; o
dos Servidores do Estado, no Santo Cristo; o Instituto Nacional de
Cardiologia, em Laranjeiras; o Instituto Nacional do Câncer, no Centro; o
Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, em São Cristóvão; e os
hospitais do Andaraí, Bonsucesso, Ipanema e Lagoa.
A respeito da municipalização do Porto, que está sob administração da
Companhia Docas do Rio de Janeiro, ligada ao Ministério dos
Transportes, a avaliação de Crivella é que a unidade irá injetar R$ 100
milhões por ano no caixa da prefeitura.
A delegação de portos federais para municípios e Estados é possível e
tem precedentes, mas o prefeito eleito deve enfrentar resistências no
governo federal. Do ponto de vista financeiro, a transferência faz pouco
sentido, disse uma fonte do governo federal, porque o porto do Rio é
deficitário e conta com um dos maiores passivos trabalhistas do país. O
que Crivella certamente ganharia com a mudança é o poder de indicar
funcionários para o porto, que hoje são ligados principalmente ao PMDB.
Técnicos do governo discutem meios para transferir os portos à
iniciativa privada e consideram que seria um sinal dissonante ao mercado
colocar o Porto do Rio sob gestão da cidade. “Seria trocar seis por
meia-dúzia”, disse uma fonte.
Há outro agravante para a delegação do Porto. Segundo técnicos do
governo, a cidade deveria receber também a gestão dos portos de Niterói e
Itaguaí, que ficam em outros municípios. “Daria uma confusão tremenda,
mas pode acontecer”, ressaltou a fonte. Mesmo se a Prefeitura do Rio
assumir esses portos, as futuras concessões de áreas — como a do
terminal de trigo, que deve ocorrer em breve — e os contratos de
arrendamento já em curso continuariam a responder para a União, em
termos de metas e compromissos.
Crivella viaja nesta quarta-feira para Israel e disse que se
encontrará com o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e com o prefeito
de Jerusalém, Nir Barkat, para conversar sobre segurança. Segundo ele, a
viagem também é espiritual, em agradecimento pela eleição. “Acho que a
gente pode fazer muita coisa junto. Israel tem uma grande expertise em
segurança, provada no mundo inteiro. E o Rio de Janeiro precisa melhorar
a sua segurança, pelo menos as ações preventivas e de inteligência.
Então, pretendo juntar o útil ao agradável.”
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