Mais de 1200 profissionais participaram, pelo sétimo ano consecutivo,
do Fórum de Estratégias da União Europeia para desenvolvimento do Mar
Báltico, que abordou os desafios e as oportunidades dessa região que
reúne condições políticas e geográficas bastante diversas. Apesar de ser
um evento europeu, a conclusão a que chegaram é bastante familiar: para
desenvolver o potencial da navegação regional, é necessário cooperação e
apoio do setor público.
O Fórum Estratégico (EUSBSR) foi
realizado em Estocolmo, Suécia, e teve, entre os painéis, a apresentação do
projeto EMMA, cujo propósito é melhorar o transporte marítimo interno,
justificando que a atividade oferece custos mais atrativos, além de ser
bem mais sustentável do que as alternativas de transportes terrestres.
“O
transporte marítimo demanda um terço da energia necessária para
carregar as mesmas mercadorias por via terrestre”, ressaltou Birgitta
Schäfer, representante do Ministério de Transporte e Infraestrutura
Digital da Alemanha. Outra justificativa dos painelistas do EMMA foi que
as infraestruturas férreas e rodoviárias da região do Báltico estão
sobrecarregadas, e o transporte marítimo evitaria não apenas o
congestionamento como também alguns acidentes. “Na Suécia, por exemplo,
há um potencial claríssimo de navegação doméstica”, confirmou Johan
Lantz, participante do evento e CEO da Avatar Logistics.
O
Diretor de Planejamento de Transportes da Suécia, Stefan Engdahl,
ressaltou ainda que seu país tem demonstrado um interesse cada vez maior
na navegação doméstica. Porém, admitiu que ainda há muito o que se
aprender sobre esse tipo de operação, elogiando a iniciativa de projetos
piloto como o EMMA, que envolve 21 parceiros de diferentes
nacionalidades (Suécia, Alemanha, Finlândia, Lituânia e Polônia) para o
desenvolvimento conjunto de soluções para o transporte inter-regional
com eficiência e benefícios para todos os envolvidos.
“Cooperação
e harmonização são requisitos básicos em um projeto como esse”, afirmou
Gunnar Platz, CEO da PLANCO Consulting, e gerente de projetos da
iniciativa EMMA. A região do Mar Báltico integra Dinamarca, Suécia,
Finlândia, Rússia, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia e Alemanha,
comunicando a região com o Mar do Norte através de Skagerrak e Kattegat,
e dos estreitos de Öresund, Grande Belt e Pequeno Belt.
Outras
questões, como cadeias multimodais, desenvolvimento da navegação nas
hidrovias, regulamentação e custos de praticagem também foram abordadas
durante o painel. O ex-Secretário Geral da Comissão Central de Navegação
no Rio Reno, Hans van der Werf, alertou, no entanto, que as mudanças
levam tempo para acontecer, mas que todos os passos devem ser dados na
mesma direção.
“O planejamento de transbordo, por exemplo, é uma das
questões que merecem atenção. Há volumes enormes de cargas que poderiam
ser transportadas em barcaças e, com tanta informação, recursos e
tecnologias disponíveis, deveríamos estar mais aptos a resolver esse
tipo de problema”. Cooperação,
regulamentação, custos e barreiras culturais: qualquer semelhança com
os problemas enfrentados pelo Brasil no desenvolvimento da cabotagem não
é mera coincidência.
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