O PMDB confirmou, oficialmente, que para se manter no debate
econômico de maneira mais consistente, prepara uma ampliação do "Uma
Ponte para o Futuro", documento lançado no final do ano passado com
propostas para a retomada do crescimento econômico. As medidas agora em
discussão tratam da revisão de gastos na área social e uma nova política
para essa área.
Estão em debate um leque amplo, que inclui fim de subsídios,
revisão na abrangência de programas sociais, mudanças na concessão de
bolsas de estudos e até alternativas para tornar o SUS mais eficiente.
Extraoficialmente, porém, quem teve acesso aos textos já produzidos
entende que está em gestação um plano de governo.
No documento "Uma Ponte para o Futuro", o partido tratou de temas
como reforma do orçamento, privatizações e abertura comercial. Agora,
dezenas de economistas estão sendo consultados e já leram diferentes
versões de um novo capítulo que trata especificamente de uma proposta de
agenda social.
O presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco, que
coordena do trabalho, confirmou que há várias medidas em análise. Ex-governador do Rio de Janeiro e ex-ministro em duas ocasiões no
governo de Dilma Rousseff - de Assuntos Estratégicos e da Aviação Civil
-, Moreira é próximo ao vice-presidente Michel Temer. Faria parte de um
restrito grupo de assessores de Temer e estaria encarregado de propor
programas numa possível transição política.
A implementação das medidas, num eventual governo de transição,
ficaria a cargo de um novo ministro da Fazenda. Entre os cotados está o
economista Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, que tem
trânsito em vários partidos e credibilidade no mercado. Outro nome é o
do economista Armínio Fraga. Também ex-presidente do BC, teria sido
titular da pasta se Aécio Neves tivesse ganhado a última eleição.
Fraga já tem na cabeça as medidas que considera vitais para tirar o
País da crise. Ele mesmo as listou em artigo publicado no Estado em
setembro do ano passado. Coincidência ou não, são parecidas com as
defendidas agora pelo PMDB. Há dúvidas, porém, se aceitariam, uma vez
que ministros da transição, a pedido de Temer, não poderiam integrar o
governo que emergiria da próxima eleição.
Ao explicar as medidas em gestação, Moreira Franco enfatizou que a
meta é fazer o governo gastar o que tem, não o que quer. “Avaliamos
medidas da área social que possam beneficiar a população, combater a
pobreza e, ao mesmo tempo, manter o equilíbrio fiscal e a saúde das
contas públicas: são medidas que já foram usadas no Brasil, que são
adotadas em vários países.”
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