A revista The Economist, de Londres, em editorial já disponível na internet e intitulado "Hora de ir
embora", defendeu a saída de Dilma
Rousseff da presidência da República. Segundo a publicação, a presidente deveria
renunciar ao cargo após nomear o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
para a Casa Civil, no que "parece ser uma tentativa grosseira de
impedir o curso da Justiça". A revista avaliou ainda que a saída de Dilma abriria
um novo começo no país.
"Esta publicação tem argumentado há bastante tempo que o sistema
judicial ou os eleitores, e não políticos com interesses próprios, devem
decidir o destino da presidente. Mas a nomeação de Lula por Dilma
parece ser uma tentativa grosseira de impedir o curso da Justiça. Mesmo
que não tenha sido essa sua intenção, esse seria seu efeito", informou parte
do texto.
A publicação argumentou, no entanto, que continua acreditando
que, na ausência de provas de crimes, o impeachment de Dilma é
injustificável. A The Economist afirmou que a tentativa de usar as
chamadas pedalas fiscais para justificar o impeachment é um pretexto
para retirar do posto uma "presidente impopular". Além disso, a ideia de
que o Congresso vai ouvir as ruas abriria um precedente preocupante, já
que, segundo a revista, "uma democracia representativa não deveria ser
governada por protestos e sondagens de opinião".
A The Economist listou três alternativas para a saída de Dilma com
fundamentação legítima. A primeira seria mostrar que Dilma obstruiu as
investigações sobre a corrupção na Petrobras. As alegações de Delcídio
Amaral, em delação premiada, ainda não foram comprovadas e a presidente
as nega. A segunda seria uma decisão da Justiça Eleitoral para convocar
novas eleições presidenciais, se descobrir que a campanha de reeleição
da petista foi financiada com propina do esquema de corrupção na
Petrobras. Por fim, a terceira e melhor saída, segundo a revista, é
Dilma renunciar.
O editorial também destacou que o vice-presidente Michel Temer, que
assumiria o cargo no caso de renúncia, está envolvido no escândalo de
corrupção na estatal, tanto quanto o PT. Para a revista, uma nova
eleição daria aos eleitores a oportunidade de delegar as reformas a um
novo líder.
A The Economist ressaltou ainda que o Judiciário tem questões a
responder. "Juízes merecem grande crédito por levar grandes empresários e
políticos brasileiro a prestar conta, mas eles têm minado sua causa ao
desprezar as normas legais", disse o texto. O último exemplo seria a
decisão do juiz Sérgio Moro de divulgar as gravações telefônicas entre
Lula e de outros políticos, incluindo Dilma Rousseff. Por outro lado, a
revista rechaçou o argumento dos que defendem o governo de que os "juízes
estão encenando um golpe".
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