O novo ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Mauro Lopes,
manifestou hoje (17) preocupação com a possibilidade da Medida
Provisória (MP) 714, que amplia de 20% para 49% o limite máximo de
capital estrangeiro em empresas aéreas brasileiras, resulte em
desnacionalização do setor, enviada pelo governo federal ao Congresso
Nacional no começo de março
A preocupação do ministro deve-se ao fato de um artigo da MP
autorizar limite mínimo de capital votante em poder dos sócios
brasileiros inferior a 51%, caso haja acordo de reciprocidade com os
países-sede das companhias estrangeiras interessadas.
Nesta
quinta-feira, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) publicou
resolução que regulamenta a outorga de serviços aéreos públicos para
empresas brasileiras, atendidos os requisitos de pelo menos 51% de
capital com direito a voto em posse de brasileiros ou mediante
assinatura dos acordos de reciprocidade.
A reciprocidade permite que grupos brasileiros operem nas mesmas
condições nos países signatários do acordo. Mesmo assim, durante o
trâmite da MP no Congresso Nacional, o então deputado e agora ministro
Mauro Lopes apresentou ao projeto uma emenda que, se aprovada, invalida o
artigo em questão. Lopes disse que seu objetivo é preservar o capital
brasileiro e os empregos do setor.
“Como parlamentar, coloquei uma emenda com total consciência, pois
quero proteger o capital brasileiro”, afirmou o ministro, ao fim da
cerimônia de transmissão do cargo, em Brasília. “Embora eu queira mais
29% de capital estrangeiro, pois precisamos de mais investimentos
estrangeiros, há uma preocupação, porque, obrigatoriamente [se aprovada a
reciprocidade], as empresas estrangeiras poderão ter capital
majoritário. Acho que temos que preservar o capital brasileiro, as
empresas brasileiras e os empregos”, concluiu Lopes.
Dizendo que quer evitar polêmicas, Lopes informou que continua
favorável à supressão ou reforma do artigo que trata da reciprocidade,
mas ressaltou que a decisão agora cabe ao Congresso Nacional, a quem
compete votar a lei. E que, ainda que preserve sua opinião pessoal,
entende que, como ministro, não lhe cabe contrariar a orientação do
Palácio do Planalto. “Quem define se mantém, ou não, é a presidenta da
República. E quem define a lei é o Congresso Nacional.”
Ameaçado de ser expulso do PMDB por contrariar a decisão do partido
para que nenhum filiado assuma cargos na administração federal até que o
diretório nacional decida se a legenda deixará a base aliada e
entregará todos os cargos que detém, o novo ministro da SAC disse que
está tranquilo e não teme a expulsão.
Lopes confirmou que pretende manter o atual secretário executivo da
pasta, Guilherme Ramalho, e comparou-se a um regente de orquestra. “Um
ministro é como um maestro. Ele pode não saber tocar todos os
instrumentos, mas, se algo estiver desafinado, ele vai lá e conserta.
Não se chega a um cargo como esse e se troca tudo. Quem estiver
desafinado, a gente pode trocar.”
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