Os protestos populares em todo o Brasil pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff, a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva e o fim da corrupção contrários à corrupção produziram igualmente manifestações de repúdio em algumas das mais importantes entidades do país que se posicionaram a favor das reivindicações de grande parte da sociedade.
A Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo) e
a ACSP (Associação Comercial de São Paulo) manifestaram sua posição a
favor da renúncia da presidente Dilma Rousseff. A declaração alega que o
país precisa buscar soluções que possam ser implementadas com a rapidez
necessária não apenas para impedir que a economia e o quadro social
continuem a se deteriorar, como também para evitar que as instituições
sejam comprometidas e dificultem a busca de caminhos que preservem a
normalidade democrática e levem à punição exemplar de todos os
envolvidos nos casos de corrupção.
O presidente das duas associações, Alencar Burti, afirmou que “o
Brasil vive um período sem precedentes de crises: ética, política, de
governabilidade, econômica e, sobretudo, social: a paralisia decisória
que envolve governo e Congresso produz incerteza que trava as decisões
empresariais e a vida das empresas, levando a um processo de
deterioração que se aprofunda rapidamente e que já atinge de forma
perversa a classe trabalhadora e as famílias”.
As associações declaram ser favoráveis à renúncia da presidente
Dilma, como forma de o governo compreender a necessidade de se começar a
mudar o quadro dramático que o País atravessa, realçando, porém que o
ato de renúncia “não significaria considerar-se culpada pela crise e
pela falta de governabilidade, mas ser responsável pela busca de uma
solução”. Burti ressaltou que o passado de lutas, as convicções e o amor
de Dilma pelo Brasil seriam engrandecidos por essa atitude de
“desprendimento e de consideração pelo povo brasileiro”.
Também se posicionando quanto às declarações do ex-presidente Luíz Inácio Lula da Silva, levadas a público por meio da
divulgação de suas ligações telefônicas autorizada pelo juiz Sérgio
Moro, a Associação Paulista do Ministério Público (APMP) anunciou seu
repúdio à atitude de Lula. A entidade, que representa mais de 3 mil
promotores e procuradores de Justiça do Estado de São Paulo, alega que
Lula que ofendeu os Ministros do Supremo Tribunal Federal, chamando-os
de “covardes”.
A APMP lembrou que a Suprema Corte e seus Ministros exercem papel
fundamental na construção de uma sociedade fundada nos valores da
cidadania e da dignidade da pessoa humana e que, portanto, não é digna a
postura de um Ex-Presidente ao ofender Ministros da Alta Corte de
Justiça e os constranger a adotar qualquer posicionamento jurídico que
não seja pautado por suas livres convicções decorrentes de seus notáveis
saberes jurídicos.
O Ministério Público afirmou ainda que, “mais uma vez, apresenta-se
diante da sociedade com trabalho devidamente desenvolvido e apto para
seu jugo legítimo e necessário”, enfatizando que as insinuações do ex-presidente Lula “ressaltam a necessidade de reforma constitucional
para retirar a prerrogativa do Poder Executivo na escolha da chefia do
Ministério Público, na esfera federal ou estadual, a fim de que a
instituição seja verdadeiramente independente e livre para cumprimento
de seus deveres republicanos”.
Nesta quinta-feira (17), o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, convocou uma reunião de emergência
com sindicatos, associações, federações das indústrias e congêneres
associadas à Fiesp para discutir o agravamento da crise política e
econômica no País. Mais cedo, Skaf disse que a ida do ex-presidente Lula
para a Casa Civil é um “golpe contra a nação brasileira”.
Publicamente defensora do impeachment da presidente Dilma Rousseff, a
Fiesp começou, a partir da última quarta-feira (16) a projetar luzes em
seu prédio da Avenida Paulista, em São Paulo, que permanece decorado com
faixas do verde e amarelo da bandeira nacional, com uma listra
transversal em preto, anunciando sinal de luto.
A Associação Paulista de Supermercados (APAS) também aproveitou para
divulgar que apoia veementemente o processo de impeachment da presidente
Dilma Rousseff. “Nosso setor já superou diversas crises econômicas, mas
nunca vivenciamos um cenário político tão caótico, mediante às
denúncias que crescem a cada dia, às tentativas infundadas do governo em
mascarar o óbvio e à crescente insatisfação da população”, relatou a
associação.
A associação elogiou o trabalho do Ministério Público e da Polícia
Federal contra a corrupção, sem se importar com a “magnitude” de nomes
ou cargos de qualquer que seja o partido e reforçou o apoio à
continuidade da Lava Jato e do trabalho do juiz Sérgio Moro, “como uma
forma de caminharmos até o fim das investigações e punirmos todos os
envolvidos”.
Com relação à nomeação dos 65 integrantes da comissão especial que
analisará o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a APAS
disse acreditar que o processo seja “o único caminho viável em curto prazo
para enxergamos uma nova perspectiva e, assim, trilharmos o caminho da
retomada do desenvolvimento do Brasil”.
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