O leilão de seis áreas em portos públicos no Pará, marcado para o
próxima quinta-feira (31), será um importante teste para a tese que
circula no governo de que os investimentos em infraestrutura são menos
impactados pela crise política e pelo atual momento de baixa na
economia, por se tratarem de decisões de longo prazo.
A expectativa da área econômica é que haja interessados para todas
as áreas, que juntas exigirão investimentos estimados em R$ 1,766
bilhão. "Torço para que apareçam vários interessados para ocupar essas
vagas, que hoje estão ociosas", disse o presidente da Associação
Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli (foto). "É uma região
importante para o escoamento do agronegócio", afirmou Mantelli.
"Em condições normais de temperatura e pressão, o negócio teria
bastante concorrência", comentou Fernando Marcato, sócio da GO
Associados, para quem a crise não será determinante no leilão. "Os
estrangeiros avaliam que o Brasil não sofrerá uma ruptura institucional e
que, daqui a algum tempo, alcançaremos velocidade de cruzeiro." Ele
acredita que o leilão terá concorrentes, tal como calcula o governo.
"O mercado está morno", disse o advogado Luís Felipe Valerim
Pinheiro, sócio da VPBG Advogados e professor de Infraestrutura na FGV
Direito em São Paulo. "Creio que não seja problema do projeto em si, mas
pelo contexto macroeconômico."
Os problemas técnicos envolvendo o leilão de áreas portuárias no
Pará foram bastante reduzidos nos últimos meses. O ministro dos Portos,
Hélder Barbalho, fez uma série de reuniões com representantes do setor
privado para ajustar o edital, depois que o governo precisou desistir de
leiloar uma área no porto de Vila do Conde no final do ano passado.
Também liderou um roadshow. "Ele fez a lição de casa", atestou Marcato.
O governo já havia acatado sugestões das empresas como, por
exemplo, autorizar a instalação de um terminal de fertilizantes em
Santarém e de três terminais de grãos em Outeiro. Originalmente, a
previsão era de apenas um. Os terminais portuários não escapam, porém,
dos problemas comuns às demais concessões. O principal deles é o
crédito, já identificado pela área econômica como principal gargalo do
programa.
Os terminais no Pará fazem parte de uma estratégia de governo e
empresas, que querem direcionar o escoamento dos grãos produzidos no
centro do País para os portos do Norte. A estimativa da Secretaria de
Portos é que o volume de carga para aquela região aumentará 160% até
2020, passando de 8,5 milhões de toneladas para 22 milhões de toneladas.
A secretaria cita cálculos do consultor da Confederação Nacional de
Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) Luiz Antonio Fayet, pelos quais
será possível economizar de US$ 47 a US$ 60 por tonelada com essa nova
rota, que ficará de 500 a 1000 quilômetros mais curta.
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