O cenário negativo para a navegação global começou a se refletir nos balanços
anuais das companhias, que tiveram os piores números no último
trimestre de 2015, que praticamente repetiu a tendência que já vinha sendo observada nos meses anteriores.
Embora as tarifas de fretes tenham mostrado ligeira recuperação nas
últimas semanas, seja por medidas de contenção de viagens, seja por
aumentos acordados (GRIs), o cenário econômico e financeiro da navegação
ainda é de baixa.
Na rota da Ásia para o norte europeu, a nona queda consecutiva de fretes
foi registrada na semana passada, chegando a US$ 211 por Teu, o que
coloca os valores 70% abaixo do período correspondente no ano passado.
Depois da tentativa frustrada de aplicar o GRI, os armadores anunciaram,
em março, planos para subir as tarifas efetivamente a partir de abril.
Fala-se em US$ 400 a 500 por Teu, porém a Hapag-Lloyd anunciou planos de
chegar aos US$800 por Teu.
Na rota da Ásia para Santos, onde recentemente se viu uma corrida pelo
mercado, logo após as tarifas baterem a marca dos US$ 99 por Teu, os
fretes voltam agora para a marca dos US$ 345 por Teu, ajustados depois
da GRI que fez subirem as tarifas para US$ 817. As manobras levaram os
armadores a compreender que as medidas recentes de corte de capacidade
não tinham sido eficazes para sustentar o aumento.
As quedas vertiginosas verificadas na segunda metade de 2015 foram
decisivas para os resultados financeiros anuais das empresas. Embora a
OOCL tenha registrado lucro líquido de US$ 284 milhões no ano, uma
parcela de US$ 238,6 milhões está relacionada aos resultados do primeiro
semestre.
A Maersk Line reportou prejuízo de US$ 182 milhões somente no
último trimestre de 2015. Ao fechar o balanço de 2015, a Hyundai
Merchant Marine registrou um prejuízo líquido de US$ 527 milhões, um
resultado completamente diferente do lucro de US$ 17,4 milhões obtido no
ano anterior. Durante o período, a empresa perdeu uma parcela de 12,3%
nas vendas, caindo também o lucro operacional em 7,9%.
A principal dificuldade reportada pela linha coreana foi a batalha
travada pela companhia para manter a receita no último trimestre de
2015, período que respondeu por 35% de todo o prejuízo do ano. Diante do
cenário ruim, as dívidas da sul-coreana também aumentaram
substancialmente, passando de 960% para 2007% do valor da empresa.
Em fevereiro, foi a vez da chinesa Cosco, que viu cair o faturamento
anual em 17,4%, passando de US$ 3,3 bilhões para US$ 2,55 bilhões,
resultado que atribuiu a queda nas vendas de navios e na própria
navegação. A navegação de graneleiros e outros negócios da companhia
chegaram a atingir queda de 25% por conta dos fretes em declínio, o que
colocou a companhia em situação geral de prejuízo.
De acordo com a análise do especialista Richard Ward, “com as tarifas
nas rotas leste-oeste lutando para se manter acima dos recordes
históricos, os resultados financeiros ainda podem sofrer mais um impacto
no primeiro trimestre de 2016, o que as vai deixar em situação bem
difícil, considerando que ainda têm os desafios do resto do ano todo
para lidar”.
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