A
companhia norte-americana Oil Group assinou acordo com a Porto do Açu Operações
para a instalação de refinaria com capacidade inicial de produção de 20 mil
barris diários de derivados claros. O investimento previsto para a unidade, que
deve começar a funcionar em 2024 no terminal, em São João da Barra (RJ), é de
US$ 300 milhões.
As negociações duraram mais de dois
anos até chegar ao acordo que prevê a construção de uma unidade modular para
produção de gasolina, óleo diesel e óleo combustível e que poderá ser expandida
para 50 mil barris diários de capacidade. Será a primeira refinaria no Açu e
também a primeira de um projeto da Oil Group que prevê a instalação no país de
outras três refinarias modulares, com capacidade entre 20 mil e 50 mil barris
por dia, e duas mini-refinarias entre 2 mil e 5 mil barris/dia. A empresa tem
capital fechado e é controlada por investidores dos EUA.
“Temos hoje terminal de exportação de petróleo com tancagem e oleodutos
previstos no projeto. Temos facilidade para o escoamento desse refino e temos
energia, que vem do hub de gás e energia para termelétricas. Temos terreno,
conexões logísticas, tudo para colocarem o projeto [da refinaria] de pé”, diz
Antonio Primo, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Porto do Açu Operações.
O diretor de Downstream da Oil Group,
Luiz Otávio Massa, ressalta que no Açu existem todas as condições para que a
empresa possa implementar o projeto. “Estar próximo a área portuária é
importante para receber petróleo e escoar a produção de maneira apropriada”,
afirma, acrescentando que a região do Norte Fluminense “não teria dificuldade
em receber nossos produtos”. “Nosso nicho de mercado ali é muito importante.
Como resposta a risco, é muito importante estar em área portuária”, frisa.
O executivo da Oil Group lembra que inicialmente
a ideia era construir refinarias de forma a consumir o petróleo que a empresa
vai produzir nos seus ativos onshore, no Recôncavo e em Sergipe. Mas, ao
definir o projeto, a companhia concluiu que as unidades de refino “ficariam em
pé” mesmo com óleo de terceiros. Além disso, Massa afirma que os projetos
seriam bem-sucedidos mesmo sem o movimento da Petrobras de vender parte de seus
ativos de downstream.
Segundo ele, esse movimento da
estatal deverá contribuiu para que o refino no país passe a ser mais “local”,
com as unidades vendendo seus produtos para regiões próximas. “O ganho
estratégico está na logística, estar próximos ao produtor e aos mercados. O
Brasil é muito grande e a gente deve ver esse modelo de refinarias modulares,
de mini-refinarias, crescendo muito daqui para frente”, diz Massa, lembrando
que a Oil Group está em contato com “mais de cinco” possíveis fornecedoras de
óleo. A expectativa é trabalhar com um produto de médio API, entre 23º e 30º e
baixo teor de enxofre.
Primo lembrou que no ano passado o
terminal de petróleo do Açu exportou mais de 70 milhões de barris, quase todo o
volume vindo do pré-sal, sendo responsável por cerca de 25% das exportações de
óleo cru do país. “O volume
de exportação brasileiro pré-crise [da covid-19] tende a aumentar com o
crescimento da produção. O terminal de petróleo tem como parte do seu projeto a
tancagem e é aí que entra o fornecimento do insumo para a refinaria da Oil
Group”, diz Primo.
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