A crise causada
pela Covid-19 atingiu os segmentos produtivos do país como um todo. Mesmo
assim, alguns setores registraram impactos diferentes. A diretora-presidente da
Companhia Docas do Ceará (CDC), Mayhara Chaves, sem citar percentuais, disse que
a expectativa para 2020 ainda é de crescimento no Porto do Mucuripe, apesar da
retração da atividade econômica. A perspectiva foi apresentada durante
transmissão ao vivo organizada pelo Brasil Export - Forum Nacional de Logística
e Infraestrutura Portuária na última sexta-feira (15).
Segundo a representante da Companhia
Docas, o Porto de Fortaleza foi, sim, afetado pela crise do coronavírus,
registrando uma queda na movimentação de algumas cargas, como os combustíveis,
que apresentaram redução na demanda em todo o mundo. No entanto, para outros
tipos, o fluxo de mercadorias no terminal apresentou um crescimento
exponencial, o que fez com que a administração da empresa revisse a previsão
para ano, mas mantivesse uma projeção positiva. Entre as cargas que tiveram
alta, segundo Mayhara, está o trigo, que é uma das principais mercadorias
desembarcadas no Porto do Mucuripe. A executiva, contudo, não deu mais dados
sobre a perspectiva otimista.
"A movimentação de trigo foi bem
maior. A de granel sólido também vem se sustentando, e crescemos 14% mesmo
tendo queda na movimentação de combustível. Fizemos um levantamento com os
nossos clientes e a expectativa era de que nos mantivéssemos no mesmo patamar
do ano passado, mas o cenário agora é outro e esperamos um crescimento em
2020", revelou ela. A diretora-presidente ainda comentou que a Docas está
considerando elaborar um planejamento para focar em tipos específicos de cargas
para impulsionar ainda mais a evolução de movimentação.
Mayhara
explicou que a competição entre dois terminais no Ceará (Porto do Pecém e Porto
do Mucuripe) não seria um problema, já que há a constatação de perfis
diferentes. Ela destacou que o Porto de Fortaleza possuiu um potencial grande
para movimentar granéis sólidos, enquanto que o Pecém teria dificuldades
logísticas neste ramo de atuação.
A principal característica seria
a estrutura de ponte do Pecém contra a estrutura continental construída no
Mucuripe. Ela afirmou que competir com o Pecém na movimentação de contêineres
poderia ser complicado, considerando a maior estrutura física do porto
offshore.
"A companhia docas vem
muito focada em contêiner, mas a gente precisa começar a focar mais na
movimentação de granéis sólidos. O Porto do Pecém é muito eficaz na
movimentação de contêineres, mas temos que focar nas cargas que movimentamos
bem e que são importantes, como trigo e combustível", disse.
Ela reforçou que a existência de
dois portos no Estado não seria um problema, contanto que os terminais tivessem
perfis específicos. "A gente pode se especializar como porto butique,
movimentando cargas específicas, como o manganês, e outros tipos, pois têm
sustentado o nosso crescimento a cada ano".
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