A Polícia Federal já abriu 48 inquéritos para investigar a ocorrência
de locaute na paralisação dos caminhoneiros e encaminhou vários pedidos
de prisão, mas todos até agora foram negados pela Justiça. O locaute ocorre quando
patrões usam os trabalhadores para obter vantagens financeiras e é uma
ilegalidade punível com prisão e multa. Por conta desses inquéritos, o
governo está certo de que donos de transportadoras também estiveram à
frente da paralisação.
Os investigadores identificaram que a logística para planejar e
manter uma paralisação nacional que já se aproxima, ainda que com menor
força, a dez dias foi muito bem executada. Os principais entroncamentos
rodoviários chegaram a ser fechados, bem como todos os corredores que
levavam a refinarias e principais aeroportos. A rede de suprimentos para
os caminhoneiros em greve também se mostrou organizada.
Estão sendo apuradas ainda a ação de infiltrados, já identificados
pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e com auxílio dos serviços de
inteligência, conforme informou ontem (28) o diretor-geral do órgão,
Renato Dias. O governo voltou a ressaltar este fato na entrevista
de hoje. Na segunda-feira, o presidente da Associação Brasileira dos
Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, denunciou
que grupos políticos ameaçavam caminhoneiros que queriam voltar ao
trabalho e forçavam a manutenção da paralisação. O objetivo dessas
ações, informou a Abcam, seria prejudicar a estabilidade do governo.
A investigação é uma das linhas de atuação do governo federal nesses
nove dias de movimento. A outra diretriz é abertura dos corredores de
abastecimento para permitir a viagem de comboios, sob escolta da PRF e
das Forças Armadas, com combustíveis, insumos para usinas termelétricas,
estações de tratamento de água e hospitais, além de alimentos,
medicamentos e rações para animais.
A primeira linha de atuação foi a negociação com os grevistas - ação
prioritária, considerada já concluída pelo ministro da Casa Civil,
Eliseu Padilha. Mas o governo sustenta que o diálogo continua aberto com
os motoristas autônomos, cujos representantes se disseram satisfeitos
com as medidas já efetivadas.
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