A semana foi indigesta para Michel Temer. Ele lançou o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles à presidência, admitindo não ter nenhuma chance de ser o candidato do MDB (mesmo sem dizer isto, claro). Advertiu que quem não apoiasse Meirelles deveria sair do partido, mas teve de
engolir a reação do presidente do Senado, Eunicio Oliveira, que garantiu: Não vou sair e
ninguém me tira”.
Não bastasse as adversidades políticas, tentando apagar o fogo da paralisação dos caminhoneiros, pediu “trégua” às lideranças do movimento e ouviu um
sonoro “não”. Para coroar a fase trágica, o Congresso enterrou de vez a tentativa de Temer de
privatizar a Eletrobras.
Como desgraça pouca é bobagem, o Tribunal de Contas da União (TCU), órgão
auxiliar dos parlamentares, mandou o governo desfazer um contrato
assinado, em 2015, pelo ministério dos Portos com o Grupo Libra no
Porto de Santos. Os donos da empresa são tradicionais financiadores eleitorais de
Temer e do seu antigo parceiro Eduardo Cunha, ex-deputado preso por
corrupção.
A anulação foi por indícios de irregularidades no contrato,
nascido de uma história cheia de digitais do MDB. A ordem foi para o
governo cancelar o acordo em até 15 dias e começar a tomar já
providências para realizar uma licitação da área usada pela Libra no cais santista.
O TCU também vai abrir outro processo, para identificar
os responsáveis pelas irregularidades, e mandará a decisão anulatória
para alguns interessados, que podem ajudar a desvendar responsabilidades
criminais. A Polícia Federal já toca uma investigação contra o presidente a devassar a histórica ligação de Temer com o Porto de Santos.
Nessa investigação, o Grupo Libra é personagem central. O cancelamento determinado pelo tribunal pode ser incorporado ao inquérito conduzido pelo delegado da PF, Cleyber Malta Lopes.
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