O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou nesta sexta-feira (25) documento em
que destaca que, apesar da recuperação econômica atual no Brasil, o
país precisa implementar reformas adicionais, em especial da
Previdência, para garantir um crescimento econômico forte: "sem reformas
adicionais, as perspectivas de crescimento no médio prazo são pouco
inspiradoras”.
Elaborado pelo corpo técnico da instituição, o documento é resultado
da visita anual que o fundo costuma fazer ao país de acordo com as
regras da instituição. As conclusões do relatório afirmam ainda que, no
atual contexto de condições financeiras globais mais restritas, “colocar
o Brasil em uma trajetória de crescimento forte, equilibrado e
sustentável exige determinação na consolidação fiscal, reformas
estruturais ambiciosas e o fortalecimento da arquitetura do setor
financeiro”.
O documento destaca o papel positivo de medidas recentes adotados
pelo governo, como a lei do teto dos gastos e a reformas trabalhista.
“Todavia, ainda é preciso fazer muito mais”, diz o texto, destacando a
importância de uma reforma da Previdência para evitar riscos e
“assegurar a sustentabilidade das finanças públicas e um sistema justo”.
"Os gastos com a Previdência social são muito altos, crescentes e
insustentáveis — claramente, o Brasil é um ponto fora da curva entre a
maioria das economias emergentes, inclusive na América Latina”. A
instituição também faz recomendações sobre pontos da reforma da
Previdêcia, que deveria incluir “o aumento da idade de aposentadoria, a
desvinculação do piso da aposentadoria do salário mínimo e a moderação
da generosidade indevida nas aposentadorias de alguns segmentos da
população, sobretudo dos funcionários públicos”.
Além dessas reformas já implementadas, a missão do FMI também
destacou outros projetos do governo que considera "louváveis”, como os
planos de reduzir os custos bancários ao instituir uma nova lei de
falências e implementar um registro eletrônico de garantias e o cadastro
positivo.
O documento ainda destaca que o setor financeiro tem se mostrado
resiliente, apesar de a recuperação do crédito bancário ainda estar
lenta, e que as reservas externas são substanciais – mais de US$ 370
bilhões, valor considerado grande pelo fundo. Essas reservas, ao lado do
fato de a dívida pública ser denominada em reais, as necessidades de
rolagem externa serem baixas, a queda no déficit em conta corrente e o
câmbio flexível “reforçam a resiliência do Brasil a choques externos”.
Ainda assim, o FMI lembra que a desvalorização acelerada de moedas em
mercados emergentes é um lembrete de que as condições externas podem
mudar rapidamente e agravar o efeito da incerteza política interna. O FMI recomenda que a política monetária continue acomodatícia para
facilitar uma recuperação duradoura, já que a inflação está abaixo da
meta, e que seja reforçada a independência do Banco Central para
fortalecer ainda mais o regime de metas de inflação. Por outro lado, a
consolidação fiscal deveria ser acelerada, e a taxa de câmbio deveria
continuar flexível para manter sua capacidade de absorver choques
externos.
O documento destaca a necessidade de reformar o regime de emprego e
remuneração do setor público “para tornar os gastos com pessoal
sustentáveis, reduzir as distorções no mercado de trabalho e a
desigualdade de renda”, além de preservar e, se possível, “aumentar os
gastos com programas sociais eficazes, como o Bolsa Família e o
investimento público”. O fundo também recomenda que medidas tributárias mais eficientes
sejam implementas, como acelerar a simplificação do sistema, incluindo a
revisão do PIS/Cofins, além da harmonização dos regimes tributários
federal e estaduais.
Outro destaque entre as recomendações é promover maior abertura
comercial, já que, segundo o corpo técnico do fundo, “o Brasil continua a
ser uma economia fechada, em relação aos demais países do G-20”. O
fundo afirma, no entanto, que recentes avanços na facilitação do
comércio e o progresso na conclusão de novos acordos comerciais “são bem
vindos”.
O FMI também recomenda o avanço na implementação do Programa de
Parcerias de Investimentos, para aumentar a infraestrutura
competitividade do país, que, segundo o documento, ainda são inferiores
às dos seus concorrentes comerciais. Por fim, o texto alerta para a importância da “implementação eficaz
de medidas para combater a lavagem de dinheiro e a corrupção”, apesar de
que “o governo continua a obter bons resultados nos seus esforços para
processar casos importantes de lavagem de dinheiro e corrupção, com o
respaldo de um judiciário forte e independente”.
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