A utilização média dos berços de portos e terminais que movimentam
contêineres no Brasil está em 43%, aponta levantamento da Solve Shipping
Intelligence que será apresentado na próxima semana em São Paulo. De
acordo com a consultoria, as médias regionais de uso de berços são de:
42% no Sudeste, 44% no Sul, 46% no Nordeste e 38% no Norte. Num total de
180 escalas semanais no país, o terminal com maior utilização de berço é
o da Santos Brasil, que em Santos recebe 16 escalas regulares por
semana em seus três berços de atracação. A menor utilização também é da
Santos Brasil, no terminal que a empresa opera em Imbituba (SC), onde
recebe duas escalas por semana.
O sócio-diretor da Solve
Shipping, Leandro Carelli Barreto, explicou que, em 2011 e 2012, ainda
havia problema de falta de janela em Santos. Para o consultor, berço não
é mais um problema já que, com o crescimento do tamanho dos navios, a
quantidade de serviços semanais diminuiu. Em 2010 havia 41 serviços
operando na costa brasileira entre longo curso e cabotagem. Em maio,
operam na costa 27 serviços, segundo o levantamento.
Nesse período, a cabotagem e as operações feeder
cresceram de seis para nove serviços, um incremento de 50% na demanda
por janelas de atracação. Em contrapartida, o número de serviços no
longo curso na costa brasileira caiu pela metade e diminuiu de 35 para
18 serviços. Nesses oito anos, a capacidade semanal do longo curso caiu
4%, ante o crescimento de 124% da cabotagem.
Em 2010, o navio com maior capacidade nominal (Rio de Janeiro
— 5.905 TEUs) tinha 286 metros de comprimento, 40m de largura e 13,2m
de calado. Esse perfil de navio quase dobrou de tamanho em oito anos.
Atualmente, o Cape Artemisio, da Happag Lloyd, tem 11.037 TEUs
de capacidade nominal, 330m de comprimento e 48,3m de largura. Há oito
anos, o maior navio na cabotagem brasileira tinha 208m de comprimento,
30m de largura e 11,4m de calado. Hoje o Vicente Pinzon, da
Aliança, tem 254,7m de comprimento, 37,34m de largura e 12,5m de
calado. De acordo com o levantamento da Solve, a média de armadores por
serviço subiu de 2,3, em 2010, para 3,4 armadores. Barreto conta que na
Ásia há serviço sendo compartilhado por nove armadores.
Nos últimos oito anos, a quantidade de escalas (port calls)
referentes à cabotagem e Mercosul na costa leste sul-americana (ECSA)
subiram de 46 para 52, o que representa incremento de 13%. No longo
curso, as port calls na região caíram 35%, de 198 em dezembro
de 2010 para 129 em maio deste ano. "A quantidade menor de serviços de
longo curso, operando com navios cada vez maiores e que enfrentam
restrições operacionais para atracar em muitos portos brasileiros,
diminuiu a demanda por berços de atracação. Consequentemente, aumentou a
disputa por serviços entre terminais. Esses 43% de utilização dos
berços indicam que, na média, os terminais nacionais passam mais da
metade da semana com seus berços ociosos", analisou.
O
levantamento da Solve Shipping, que abrange tendências de custos e a
competitividade no transporte de contêineres, será apresentado no
próximo dia 16 de maio durante evento promovido pela Federação das
Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), pela Exporta São
Paulo e pela Câmara de comércio de São Paulo. O evento vai discutir as
recentes e prováveis transformações no transporte marítimo internacional
de contêineres e seus reflexos na gestão da logística de exportadores e
importadores, levando-se em conta as condicionantes da competitividade
em termos de fretes marítimos e tempos de trânsito de mercadorias.
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