A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec),
divulgou que com a paralisação dos caminhoneiros, o setor deixou de faturar US$ 170
milhões com exportações. “Estamos com 120 frigoríficos parados [entre
cerca de 290 frigoríficos que abatem no país]. A parte de insumos está
totalmente prejudicada. Não há mais como não aumentar preço em relação
ao estrago feito [pela paralisação]”, relatou Antonio Jorge Camardelli,
presidente da Abiec.
Segundo ele, ainda não é possível avaliar de quanto seria esse
aumento porque não foi feito um levantamento sobre o prejuízo dos
produtores. No entanto, de acordo com cálculos feitos pela ABPA – e
considerando que a paralisação terminaria domingo - o valor de aumento
para o consumidor poderia ser de até 35% no caso das aves e de 25% a 30%
no caso de suínos.
“Tínhamos uma estimativa de que levaríamos dois meses para voltar ao
fluxo normal. Que ficaríamos com uma perda, principalmente de
exportação, de US$ 350 milhões. E teríamos uma redução de produção e
aumento de custo em que seria viável a recuperação. Mas, a partir dessa
nova perspectiva de que continuamos com mais de 170 frigoríficos
parados, com mais de 1 bilhão de animais no campo sem poder receber
alimentação e sem poder ser abatido, estamos prevendo dois impactos
extremamente sérios na nossa cadeia: o primeiro é o aumento de preço do
nosso produto o segundo é que a recuperação da nossa cadeia produtiva
vai precisar de aporte financeiro governamental”, disse Rui Eduardo
Saldanha Vargas, diretor técnico da ABPA.
O tempo de recuperação do setor, disse Camardelli, será longo. “No
caso da cadeia bovina, tenho 1,4 mil [animais] na rua, trancados e
presos. E tenho perecibilidade dos produtos. Se essa crise não se
resolver até quinta-feira, seguramente o ciclo está quebrado. As
programações não serão oferecidas de acordo com o cronograma", disse,
acrescentando que os empregos do setor também estão prejudicados.
Os representantes do setor disseram à imprensa que será preciso
crédito do governo para que os produtores enfrentem os problemas
provocados pela greve dos caminhoneiros. O ministro Blairo Maggi, mais cedo, havia admitido a necessidade de crédito para auxiliar o segmento. “O setor vai demandar
crédito do governo senão vai ser um problema a mais que vai se refletir
em inflação”, disse Camardelli.
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