O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Antônio Galvan,
afirmou que a paralisação dos caminhoneiros é "preocupante" por causa da
necessidade de escoamento da safra 2018/19 de soja antes da chegada do
milho, mas o efeito das elevações do diesel sobre o frete também
desperta temores para os produtores. "A paralisação é preocupante, sem
sombra de dúvida. Tem bastante soja para ser retirada", advertiu. "Mas o
aumento sucessivo de fretes está saindo do valor do produto.
Caminhoneiro não consegue se adaptar à mudança de preço diária do
diesel."
Segundo o presidente da Aprosoja-MT, 30% da soja de Mato Grosso ainda
precisa ser retirada do Estado, sendo que 20% da safra ainda não foi
negociada pelos produtores. "Precisaria de espaço para o milho", disse.
Conforme Galvan, os produtores apoiam os caminhoneiros contra aumentos
nos combustíveis. "A única coisa não compactuamos é a tabela de frete
porque isso não resolve e quem pagaria a conta somos nós. Para os
pleitos sobre o valor do combustível, somos solidários." Com relação ao
milho, o efeito da greve dos caminhoneiros é limitado porque a colheita
ainda não começou na maioria das áreas produtoras mato-grossenses,
segundo Galvan. "Praticamente nada foi colhido. Só um ou outro que tem
algum compromisso de entrega que começou a colher. Produtores do Estado
devem colher mesmo em junho, mais uns 10 dias para frente."
O presidente da associação, disse que em Mato Grosso, no primeiro dia, a
paralisação ainda é bem incipiente, com poucos pontos de bloqueio.
"Acreditamos que isso vai aumentar no decorrer da semana se o governo
não revisar seu posicionamento." A Associação Brasileira dos
Caminhoneiros (Abcam) pediu ao governo medidas diante do aumento do
diesel nas refinarias e dos impostos que recaem sobre o combustível. A
associação pede que o governo zere a carga tributária sobre operações
com óleo diesel e também a isenção da Contribuição de Intervenção no
Domínio Econômico (Cide) sobre a receita da venda interna de óleo diesel
a ser usado pelo transportador autônomo de cargas.
Para ele, outra preocupação da Aprosoja-MT é o estado de conservação
da BR-163 rumo aos portos do Arco Norte, tanto em trechos asfaltados
como não asfaltados. Uma equipe da Aprosoja vai percorrer a partir de
amanhã trecho de Sinop (MT) a Miritituba (PA) para fazer um diagnóstico
dos trechos mais críticos e pedir ao governo "providências
urgentemente". "O caminhão está levando de 30% a 40% mais tempo para
fazer uma viagem na rodovia do que fazia no ano passado." Conforme
Galvan, o tráfego não chega a ser interrompido como ocorreu em 2017, mas
os veículos de carga não conseguem desenvolver velocidade. "Perdem
muito tempo e gastam mais combustível."
A paralisação de caminhoneiros está ocorrendo em diversos estados. O movimento é forte em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e no Centro-Oeste. Os produtores ainda não conseguem calcular os prejuízos com a greve. Já o presidente Michel Temer convocou reunião com ministros da área econômica e dos segmentos envolvidos com a produção para encontrar uma solução o mais rápido possível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário