A proposta apresentada na sexta-feira (5) pela Argentina para quitar a
dívida junto aos fundos credores em Nova Iorque foi aceita por duas das
seis principais gestoras do litígio judicial. As outras quatro recusaram
a oferta e ainda não fecharam acordo, entre elas a Elliot Management,
do bilionário de Wall Street Paul Singer e a Aurelius Capital. As
negociações devem prosseguir nos próximos dias.
"Dois dos seis
principais fundos tiveram sucesso em aceitar a proposta e assinaram um
acordo com a Argentina. Com quatro fundos, o país ainda precisa de um
acordo", afirmou em um comunicado o advogado Daniel Pollack, que é o
mediador das negociações entre a Casa Rosada e os fundos em Nova Iorque.
"Tenho forte esperança de que, com contínuas negociações, esses
gestores também serão capazes de resolver as diferenças e alcançar um
acordo com a Argentina." Os dois fundos que aceitaram a proposta foram o
Montreux Partners e a Dart Management.
A proposta apresentada
ontem pelo secretário de Finanças da Argentina, Luis Caputo, prevê um
desconto de 25% no valor dos bônus do país detidos pelos fundos, que
somam US$ 9 bilhões. Estes fundos não aderiram às duas reestruturações
da dívida da Argentina depois do calote de 2001 e brigam na Justiça dos
Estados Unidos pelo direito de receber os recursos. O governo de
Cristina Kirchner se recusou a negociar com os fundos, chamados de
"abutres" pela presidente.
Se a proposta for aceita por todos os
fundos, a Argentina terá de desembolsar cerca de US$ 6,5 bilhões, de
acordo com Pollack. A proposta tem ainda duas condições para ser
efetivada. O documento precisa ser aprovado pelo Congresso da Argentina e
o juiz de Nova Iorque, Thomas Griesa, tem de retirar liminares contra o
país.
"As negociações foram intensas, mas civilizadas, e tenho o
prazer de informar que um enorme progresso tem sido feito", disse
Pollack. "Esse litígio já dura quase 15 anos e a proposta da Argentina é
um avanço histórico", afirmou o advogado, destacando que, se o acordo
for fechado como previsto, a Argentina consegue voltar ao mercado de
capitais internacional para captar recursos.
Desde a última
segunda-feira, Caputo e seus assessores têm reunido-se com Pollack e os
fundos credores de Nova Iorque. As reuniões têm durado quase o dia todo e
são realizadas a portas fechadas no escritório de Pollack.
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