O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Moan, disse que "se assinado nos próximos meses pelos governos de Brasil e
Argentina, o acordo de livre-comércio para o setor automotivo não vai
impulsionar as exportações brasileiras de veículos para os argentinos em
2016". Segundo ele, isso não acontecerá porque todos os planos
de exportação das empresas já estão estabelecidos e não serão alterados,
nos dois lados.
Para Moan, a vantagem de assinar um acordo de livre-comércio neste
momento é que as empresas passam a ter mais previsibilidade para
realizar seus negócios. Há alguns anos os dois países mantém um acordo
conhecido como "flex", renovado anualmente. Nele, para cada dólar que a
Argentina exporta ao Brasil em autopeças e veículos, sem incidência de
impostos, as fábricas brasileiras podem exportar 1,5 dólar para os
argentinos. O atual contrato vai até 30 de junho.
O governo brasileiro apresenta nesta quinta-feira ao governo
argentino uma proposta de livre-comércio. A Argentina é, historicamente,
o principal destino das exportações brasileiras de veículos e
autopeças, com quase 50% do total. O presidente da Anfavea torce para
que o acordo seja firmado antes do fim do atual contrato. "Precisamos o
mais rápido possível", disse. Para ele, o presidente da Argentina,
Mauricio Macri, tem dado declarações que sinalizam para uma maior
abertura comercial entre os dois países. "Apostamos que será possível",
afirmou.
Embora não haja uma expectativa de aumento das exportações por meio
do acordo, as montadoras brasileiras apostam no setor externo para
estabilizar ou elevar a sua produção. As fábricas se viram obrigadas a
reduzir boa parte de sua produção em 2015 em razão da forte queda na
venda de veículos no Brasil, de 26,5% ante 2014, o maior tombo em 27
anos. E, em 2016, continua a fazer ajustes na produção, resultando na
demissão de mais trabalhadores. Em janeiro, o volume de unidades
produzidas no Brasil caiu 29% na comparação com igual mês de 2015.
No início de fevereiro, Moan afirmou que a Anfavea e a Adefa (a
associação de montadoras da Argentina) enviaram propostas de
livre-comércio a seus respectivos governos. Na terça-feira, o presidente
da Anfavea esteve em Brasília para se reunir com o ministro do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro,
e discutir a proposta. Ele negou que tenha pedido algum benefício
fiscal no encontro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário