A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (25), mais uma fase
da Operação Zelotes. O alvo é a empresa siderúrgica Gerdau, investigada
por suposta compra de decisões no Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais (Carf), órgão ligado ao Ministério da Fazenda que julga recursos
de grandes contribuintes a multas aplicadas pela Receita Federal.
A PF cumpre 20 mandados de condução coercitiva, quando a pessoa é
liberada no mesmo dia após prestar depoimento, e 18 de busca e apreensão
no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco e no
Distrito Federal. Diferentemente do que foi divulgado no começo da manhã
pela própria Polícia Federal de que Jorge Gerdau, um dos principais
acionistas do grupo, seria um dos alvos de mandado de condução
coercitiva, o empresário não será convocado nesta investigação.
A empresa teria tentado anular débitos que chegam a R$ 1,5 bilhão. A
PF esta nos endereços da empresa cumprindo mandados de busca. Segundo a
PF, a firma, que possui operações industriais em 14 países, celebrou
contratos com escritórios de advocacia e de consultoria, os quais por
meio de seus sócios, agiram de maneira ilícita manipulando o andamento
do processo. Segundo as investigações, o grupo de lobistas continuou
atuando mesmo após a deflagração da operação em março do ano passado.
A Zelotes foi deflagrada em março de 2015 para desarticular esquema
de compra de decisões no Carf por grandes empresas. No curso das
investigações, a força-tarefa do Ministério Público Federal, Receita
Federal e Polícia Federal descobriu que os mesmos operadores também
atuaram em suposto esquema de compra de medidas provisórias editadas nos
governos dos presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, o
que ampliou as investigações e levou a prisão dos lobistas em outubro do
ano passado.
Por causa das prisões, a investigação sobre a suposta compra de MPs
avançou mais rapidamente e o MPF já apresentou denúncia. O caso está em
fase de oitiva de testemunhas na Justiça Federal do DF.
Há ainda outros dois desdobramentos da Zelotes em curso. Um deles,
apura pagamento à LFT Marketing Esportivo, empresa de Luís Claudio Lula
da Silva, filho mais novo do ex-presidente Lula, pela Marcondes e
Mautoni, por uma das consultorias acusadas de envolvimento na compra de
decisões no Carf e de normas. Ele recebeu R$ 2,5 milhões da empresa,
segundo a PF, para copiar e colar informações da internet. Luís Claudio
diz que fez consultoria de marketing esportivo. Outra investigação é
sobre suposto lobby da Marcondes para a compra de caças pelo governo
Dilma.
Em nota, a Gerdau informou que está colaborando com as
investigações da Polícia Federal, e que "não concedeu qualquer
autorização para que seu nome fosse utilizado em pretensas negociações
ilegais".
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