O recorde de movimentações portuárias
registrado no ano passado deverá ser batido novamente em 2016, informou o
diretor- geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq),
Mário Povia. A expectativa – dele e de outros diretores da agência – foi
manifestada nesta quinta-feira (18), em meio a um balanço sobre os números
apresentados pelo setor.
De acordo com a Antaq, em 2015 os portos brasileiros movimentaram
1.007.542.986 bilhão de toneladas. O número é 4% maior do que o
registrado em 2014. “Com isso, a participação brasileira na movimentação
marítima internacional [que em 2015 chegou a 20 bilhões de toneladas]
ficou em 3,8%”, disse o diretor-geral.
Segundo ele, a ligeira diferença
entre os números apresentados hoje pela Antaq e os apresentados ontem
(17) pela Secretaria de Portos se deve à variação que é registrada
semanalmente pelas bases de dados usadas pelos dois órgãos.
“Nossa expectativa é que em 2016 o recorde seja novamente batido.
Estou bastante convicto disso”, disse Povia à Agência Brasil. Segundo
ele, “um conjunto de fatores extraportos” deverá contribuir o novo
recorde. “Estamos dotando o país de estruturação. Nossa expectativa é
que a melhoria no modus operandi das ferrovias também contribua para
isso”, calculou.
Para o diretor, esse crescimento de 4% nas movimentações portuárias,
obtido em meio a um Produto Interno Bruto recuado, se deve “em primeiro
lugar”, ao fato de, agora, o país dispor “de uma infraestrutura que
melhor responde às demandas”. Em segundo lugar, Povia aponta “o
favorecimento cambial [dólar em alta] para exportação de commodities”; e
em terceiro lugar, a safra brasileira, que ano a ano vem apresentando
resultados bastante positivos.
“O mercado de commodities agrícolas certamente continuará forte, com
previsão de chuvas e de maior produtividade. A expectativa é de uma boa
movimentação de granéis e vegetais. A de celulose também está indo muito
bem, a exemplo dos minérios. Os [produtos] siderúrgicos terão
incremento, e o agronegócio, com entrada de fertilizantes, deverá ficar
mais forte. Já os contêineres dependerão da economia, que a meu ver
deverá ser menos ruim do que em 2015”, argumentou o diretor.
Para Povia, a crise pela qual passa o país poderá favorecer
mudanças nas operações "feitas por meio de uma estruturação, que está
cada vez mais forte". "Por exemplo, as empresas [de logística] do setor
rodoviário poderão fazer as contas e concluir que o escoamento de cargas
pode ficar mais barato pelo modal aquaviário, inclusive de cabotagem.
Tudo são janelas de oportunidades que surgem”.
A Antaq informou que a movimentação de graneis sólidos nos portos
brasileiros aumentou 7,24% em 2015, atingindo a marca de 632,6 milhões
de toneladas, enquanto a movimentação de carga geral solta cresceu 5,71%
(48,6 milhões de toneladas). Já as de granel líquido e as de
contêineres registraram quedas de 2,39% e de 1,13% (226,2 e 99,9 milhões
de toneladas, respectivamente).
O minério de ferro foi o produto que mais contribuiu para a
movimentação de cargas no país, chegando a um total de 400 milhões de
toneladas (crescimento de 5,2% na comparação com o ano anterior). Em
segundo lugar estão os combustíveis, com 232 milhões de toneladas (queda
de 2,1% na comparação com 2014).
“O Arco Norte está com uma logística mais racional, principalmente
para a produção do centro-norte. Mas, apesar disso, boa parte ainda é
escoada via porto de Santos”, disse ele. A Antaq identifica “reflexos
bastante positivos” nos portos do Pará e do Maranhão. “O Porto de Itaqui
[MA], por exemplo, cresceu 87% por causa da entrada em operação de
grandes armazéns e por causa da melhora da infraestrutura logística, com
a chegada da ferrovia [as interligações concluídas na Ferrovia
Norte-sul]”, acrescentou.
A Antaq esclareceu que a exportação agrícola por meio do Arco Norte
passou de 16% para 21%, número que pode crescer ainda mais, uma vez que
58% da produção agrícola brasileira está naquela região – a chamada nova
fronteira agrícola, que abrange áreas das regiões Centro-Oeste e Norte.
Povia ressaltou que a queda registrada no número de atracações
(-7,7%) representa uma “boa notícia”, já que indica maior produtividade.
“É positivo, porque há mais navios maiores nos rios brasileiros. Esses
rios apresentam agora maior profundidade [após a conclusão de obras de
dragagem]. Com isso há um melhor aproveitamento nas atracações. É
importante reconhecer que esses ganhos são oriundos dos investimentos em
infraestrutura”, completou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário