A China saiu da reunião do G-20, realizada neste fim de semana, com
um novo voto de confiança dos principais parceiros comerciais globais,
ao anunciar que não vai desvalorizar significativamente o yuan.
O primeiro-ministro chinês Li Keqiang, e o presidente do banco
central do país, Zhou Xiaochuan, atuaram para dissipar as preocupações
entre os ministros de finanças e presidentes de bancos centrais do G-20,
de que a sua estratégia econômica depende do corte da taxa de câmbio do
yuan.
A mensagem de que Pequim não tem "qualquer intenção, qualquer
determinação, qualquer decisão de desvalorizar o yuan" foi ouvida "alta e
clara", disse Christine Lagarde, diretora-gerente do Fundo Monetário
Internacional (FMI), após as reuniões do G-20 em Xangai, na China.
A ansiedade global cresceu nas últimas semanas, com a expectativa
de que a China faria uma desvalorização mais forte do yuan, por conta do
mais lento ritmo de crescimento da economia do país dos últimos 25
anos.
Logo antes de as conversações formais começarem, Zhou foi
diretamente ao ponto, em inglês: "Não há nenhuma base para persistente
depreciação (do yuan), a partir da perspectiva dos fundamentos
econômicos", falou durante fórum de investidores. Em seguida, o premier
expôs os planos de uma reforma estrutural durante uma videoconferência
com o G-20 no sábado.
Os comentários ganharam elogios do secretário do Tesouro dos
Estados Unidos, Jacob Lew. "Havia uma necessidade real de que esse
comunicado fosse feito, porque as conversas particulares não ajudaram a
esclarecer muitos observadores, que queriam saber o que a China estava
tentando realizar", disse ele.
Neste domingo (28), Lew fez questão de ressaltar que tal franqueza
não deve ser um evento único, e completou, durante uma reunião com o
vice-premiê Wang Yang, em Pequim, que é fundamental que a política
cambial da China seja transparente, e que Pequim precisa "comunicar
claramente suas ações para o mercado".
O G-20 apontou a volatilidade nos mercados de capitais, a queda dos
preços das commodities e uma saída potencial da Grã-Bretanha da União
Europeia como ameaças que poderiam provocar uma recessão global. O grupo
não mencionou explicitamente a China. Os chefes financeiros prometeram
acelerar as revisões econômicas e "usar todas as ferramentas políticas,
monetárias, fiscais e estruturais" para reforçar o crescimento, aumentar
o investimento e garantir a estabilidade dos mercados financeiros.
Os mercados globais passam por turbulências nos últimos meses, em
meio a uma perspectiva de piora no crescimento mundial, a fraca demanda
global e as dúvidas sobre a economia da China, que pode estar em um
ritmo de desaceleração mais rápido do que Pequim reconhece. O FMI
alertou, na semana passada, que provavelmente vai rebaixar ainda mais a
sua previsão de crescimento nos próximos meses. "Há claramente um
sentido de urgência renovada", disse Lagarde, depois da reunião.
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