Em entrevista para Turloch Mooney, editor da IHS Fairplay, um executivo
de um porto chinês relata como conseguiu fazer com que companhias
marítimas demonstrassem mais interesse em trabalhar junto com o terminal
para melhoria da produtividade, embora este não seja um fator
prioritário para elas. Segundo o executivo, que dirige o terminal
multisserviços de um grande operador asiático, ainda há grandes
oportunidades de melhorias na área.
O operador conta que implantou incentivos nas tarifas portuárias para as
companhias que alcançassem melhoras índices de produtividade em
contratos comerciais durante o ano de 2015, e destacou a importância da
ação em uma época de transição do mercado para os grandes navios. “A
produtividade não vinha sendo prioridade até hoje, porém, com a ação,
estamos enxergando algumas atitudes proativas, algo que traz valor para
ambas as partes, pois, com a inércia já consagrada entre as linhas de
navegação, não poderíamos agir sozinhos para melhoria das estatísticas
de movimentação”, disse um executivo do terminal à IHS Fairplay.
“Temos infraestrutura suficiente, planejamento e compartilhamento de
informação. Nosso trabalho é incentivar as companhias a fazer melhor uso
dos sistemas de dados EDI (electronic data interchange), de modo a
alimentar e filtrar os nossos sistemas e agilizar o processo de
compartilhamento de informações, evitando que cada fase da operação
tenha de ser retrabalhada nos departamentos por telefone”, disse o
executivo.
O terminal também introduziu um sistema de multas para atrasos nas
declarações de contêineres que requerem troca de navios, ou troca de
destino, enquanto as tarifas portuárias se alinharam com base no
comprimento do navio.
Ainda é cedo para verificar o impacto que os incentivos terão sobre a
produtividade, porém o terminal acredita que as companhias deverão se
organizar internamente para ajustar os processos operacionais nos
próximos meses. Os departamentos comerciais, sempre pressionados para
oferecer melhores preços ao cliente, terão incentivos para buscar
melhores níveis de flexibilidade, por meio da operação mais ágil que
garantiria preços melhores.
De acordo com o executivo chinês, a complexidade das alianças também
pode ser um problema para a produtividade: “Companhias diferentes podem
ter estilos completamente diversos de operação, mesmo quando pertencem a
uma mesma aliança. Ainda deveremos encontrar alguma dinâmica
competitiva, e é possível que umas tentem ultrapassar as outras”.
O executivo diz ainda que, antigamente, a política de recebimento dos
terminais era simplesmente “receptiva, porém agora, com navios maiores, e
a complexidade das alianças, precisamos de planejamentos mais
elaborados, e sistemas de movimentação mais eficientes. Os navios estão
mais altos, largos, e não há uniformidade de design que possamos usar
como parâmetro”. Ele informa que o terminal tem investido em guindastes
com maior altura e alcance, porém se os contêineres estiverem
empilhados com mais eficiência, conseguimos aumentar a produtividade de
maneira significativa”.
Para o executivo, o atraso dos navios na hora reservada para atracação é
o principal fator de queda da produtividade. “Se recebemos um navio de
400 metros e comprimento com 12 horas de atraso, mesmo que consigamos
ainda agilizar seis horas na produção, ainda estaremos outras seis horas
para trás”.
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