A
indústria e o governo vão precisar “correr contra o tempo” para preparar o
setor automotivo para o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia
(UE), avalia o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes. Segundo ele, é preciso melhorar a
competitividade das montadoras instaladas no país para conseguir concorrer com
os carros fabricados na Europa.
O
acordo entre os dois blocos econômicos foi assinado na semana passada e prevê a eliminação das tarifas
de importação para 90% dos produtos comercializados entre os países sul-americanos
e europeus. Os termos ainda precisam ser ratificados pelos parlamentos dos
signatários e, após essa etapa, a implementação das novas regras acontecerá
gradualmente ao longo de 15 anos.
O presidente da Anfavea admitiu que
há o risco dos carros da UE ganharem espaço no mercado brasileiro com a redução
das tarifas de importação, que atualmente está em 35%. “É uma ameaça, sim. E a
gente tem que atacar isso”, enfatizou Moraes na apresentação do balanço do
setor. Para ele, é necessário uma reforma na área tributária, além de melhorar
as condições burocráticas e logísticas para a indústria nacional.
Com essa melhoria de condições,
Moraes acredita que há até a possibilidade dos veículos montados no Brasil
conseguirem penetrar no mercado europeu. “Nós consideramos a hipótese firme de
exportar”, afirmou. De acordo com ele, o planejamento de investimentos das
empresas, que no setor automotivo é feito com horizonte de 7 anos, vai
considerar o acordo como fator importante.
A busca por competitividade também
deve melhorar os preços dentro do mercado brasileiro. “Nós estamos buscando a
redução do custo de produção para exportar, mas isso vai ser aplicado para o
consumidor brasileiro também”, ressaltou. “A indústria automobilística trabalha
com escala, quanto maior a escala e as condições de exportar, você tem
condições de reduzir o custo de produção do veículo e isso vai ser transferido
para o consumidor”, acrescentou.
Sobre as expectativas para este ano,
o presidente da Anfavea destacou que o mercado apresentou uma melhora em
relação ao ano passado, com o melhor mês de junho desde 2015. No entanto, a
crise na Argentina, principal destino das exportações brasileiras está, segundo
ele, dificultado uma expansão mais robusta do setor.
A produção de veículos teve um
aumento de 2,8% no primeiro semestre do ano em relação ao mesmo período de
2018. Foram fabricadas 1,47 milhão de unidades, enquanto nos primeiros seis
meses de 2018 a produção ficou em 1,43 milhão de veículos.
As exportações tiveram queda de 41,5% de
janeiro a junho em comparação com o primeiro semestre de 2018. Foram vendidos
para o exterior 221,9 mil veículos no período, contra 379 mil no ano passado.
Em junho, a retração nas exportações foi de 37,9%, com a comercialização de
40,3 mil unidades. Moraes acredita, entretanto, que o desempenho do segundo
semestre poderá ser ainda melhor do que o do primeiro, mantendo a previsão de
crescimento da Anfavea para a produção em 9% em relação a 2018.
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