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Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) informou nesta quarta-feira
(17) que revisou suas estimativas para a balança comercial brasileira em 2019,
feitas dezembro do ano passado. O superávit, que havia sido estimado em US$
32,7 bilhões, subiu para US$ 52,2 bilhões na nova projeção, resultado 10,9%
abaixo dos valores de 2018 (US$ 58,6 bilhões).
As projeções para exportações subiram
de US$ 209,1 bilhões para US$ 223,7 bilhões, uma queda de 6,7% em relação aos
US$ 239,8 bilhões estimados anteriormente. No que se refere às importações, as
projeções recuaram de US$ 186,3 bilhões para US$ 171,5 bilhões, uma queda de
5,4% em comparação ao resultado de 2018.
O presidente da AEB, José Augusto de
Castro foto), destacou que a corrente de comércio projetada em US$ 395,266 bilhões
para este ano ficará abaixo dos US$ 421,114 bilhões apurados no ano passado, e
distante do recorde de US$ 482,292 bilhões de 2011. “O que gera a atividade
econômica não é o superávit e, sim, a corrente de comércio que, em queda, faz a
atividade econômica cair.”
Segundo a associação, algumas
“surpresas” contribuíram para a revisão, para baixo, da balança comercial.
Entre elas, a queda da barragem da mineradora Vale, em Brumadinho (MG); a
guerra comercial entre China e Estados Unidos; a crise na Argentina, que
acelerou este ano; o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os produtos e
serviços produzidos no país) brasileiro, cuja previsão inicial era de 2,5% e
caiu para menos de 0,8%; além do crescimento da China, que será menor do que em
anos anteriores.
“O conjunto contribuiu para
oscilações das commodities (produtos minerais e agrícolas
comercializados no exterior). No caso do Brasil, foi mais para baixo do que
para cima”, disse Castro. Ele lembrou que a peste suína na China teve
impacto na exportação de carnes e de soja brasileira.
Segundo Castro, a pauta de
exportações brasileiras continua concentrada em commodities e não em
manufaturados, de maior valor agregado. A previsão é exportar manufaturados em
torno de US$ 79 bilhões, valor menor que em 2007. “É muito baixo. Infelizmente,
está muito ruim”, afirmou.
A aprovação das reformas estruturais
previdenciária e tributária é importante, mas seu efeito só será sentido mais
adiante, disse Castro. “Cria expectativa para o futuro, mas é difícil ter
impacto ainda em 2019. “A decisão que teria impacto imediato, segundo ele,
seria o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas
Exportadoras (Reintegra). ”É a única medida que pode reduzir a burocracia.”
Criado pelo governo federal em 2014,
o Reintegra garante crédito tributário correspondente a até 3% da receita de
exportação para as empresas produtoras que exportem bens e que cumulativamente
tenham sido industrializados no país. Em função de decretos assinados em 2015 e
2018, esse crédito caiu de 3% para 2% e de 2% para 0,1%, o que é criticado pelo
setor exportador. O Brasil também precisa de melhor infraestrutura, “mas vai
demandar tempo para ser construída”.
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