A América
Latina e o Caribe, região rica em terra e água, representarão mais de 25% das
exportações mundiais de produtos agrícolas e pesqueiros em 2028. A previsão é
um aumento de 22% para os cultivos, 16% para os produtos animais e 12% para os
peixes na próxima década. A produção de cereais, no entanto, deve diminuir, com
taxas de crescimento anuais de metade das observadas nas duas últimas décadas.
Os dados são do novo relatório
desenvolvido pela parceria entre Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico e Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. O
estudo intitulado "Perspectivas Agrícolas 2019-2028" avalia a
perspectiva dos próximos dez anos para os mercados em escala nacional, regional
e mundial. A edição deste ano tem um enfoque especial na região da América
Latina e Caribe (ALC).
A ALC atualmente representa 14% da
produção mundial e 23% das exportações mundiais de produtos básicos agrícolas e
pesqueiros. Segundo o relatório, embora o comércio global de commodities
agrícolas e pesqueiras continue a se expandir nos próximos dez anos, o ritmo
será menor (cerca de 1,3% ao ano) do que a taxa média de 3,3% na última década.
Segundo o relatório, o grande desafio
da região será garantir que o crescimento agrícola futuro seja mais sustentável
e inclusivo do que era no passado. O progresso é necessário nas áreas de
nutrição, proteção social e ambiental e apoio à subsistência, uma vez que a
pobreza rural, a fome e a obesidade estão aumentando na região.
A segurança alimentar ainda
representa um problema para a ALC, já que muitas famílias não conseguem arcar
com os custos dos alimentos que necessitam. De acordo com o documento, como a
pobreza extrema aumentou a partir de 2015, é primordial aumentar o poder
aquisitivo das comunidades mais vulneráveis - um objetivo que depende
fundamentalmente do desenvolvimento agrícola.
Políticas inovadoras de segurança
alimentar e nutrição também são necessárias para conter o recente aumento da
fome e o aumento de décadas na obesidade, já que a região tem a segunda maior
prevalência de pessoas com sobrepeso e obesidade no mundo, atrás apenas da
América do Norte.
O relatório indica que há fortes
oportunidades de crescimento na região para a produção de frutas e verduras de
alto valor, que proporcionam melhores condições para a agricultura familiar e
dietas mais saudáveis para a população. Para os produtos básicos, como o milho,
o arroz e a carne bovina, um crescimento maior da demanda internacional em
relação à demanda doméstica significará que uma parte maior da produção será
destinada à exportação.
O documento projeta um consumo maior
de frutas, legumes, carnes, laticínios e peixes para a América Latina e Caribe,
em comparação com alimentos básicos, como milho, arroz e feijão. Espera-se que
o consumo per capita de milho, por exemplo, diminua em 4,3% na próxima
década. Em 2028, a região deverá produzir 233,5 milhões de toneladas de milho
(18% do total mundial), 22,1 toneladas de grãos secundários (3% do total
mundial), 21,4 toneladas de arroz (4% do total mundial) e 37,3 toneladas de
trigo (11% do total mundial). A produção de soja crescerá durante a próxima
década, com maior expansão do uso da terra para a soja. Espera-se que a taxa de
crescimento da produção anual para a região como um todo caia de 6,9%.
O relatório prevê um aumento na
demanda interna por proteínas de origem animal. O consumo per capita de
carne bovina e suína deve crescer cerca de 10% na próxima década (12% de peixe,
15% de aves). O crescimento médio anual da produção de carne bovina irá
desacelerar ligeiramente na próxima década - para 1,2% ao ano - em comparação
com 1,4% nas duas décadas anteriores.
De acordo com o documento, a ALC tem
uma grande variedade na estrutura da agricultura. Enquanto no Cone Sul
(particularmente na Argentina e no Brasil, mas também no Uruguai), a
agricultura é dominada por grandes fazendas voltadas à exportação, em grande
parte do resto da região é caracterizada por pequenos produtores e agricultura
familiar. Estima-se que existam 15 milhões de pequenos produtores na região,
responsáveis por uma parcela substancial da produção de alimentos.
Segundo o relatório, o Brasil é o
maior exportador agrícola e alimentício da região (US$ 79,3 bilhões em 2017),
seguido por Argentina (US$ 35,0 bilhões), México (US$ 32,5 bilhões), Chile (US$
17 bilhões), Equador (US$ 10,4 bilhões) e Peru (US$ 8,8 bilhões). Alguns países
latino-americanos são também importantes importadores de produtos
agro-alimentares, como o México, que está entre os principais importadores
mundiais de milho, soja, laticínios, suínos e aves. E o Brasil é um dos maiores
importadores mundiais de trigo.
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