O minério de ferro enfrentará um inverno triste. Os futuros
despencaram com o retorno dos investidores chineses ao mercado após uma
semana de recesso com foco renovado tanto no impacto sobre a demanda dos
cortes de produção de aço na China durante o inverno quanto nas
perspectivas de oferta adicional das maiores mineradoras do mundo.
Em Cingapura, o contrato SGX AsiaClear mais ativo caiu 4,1 por cento,
para US$ 60,47 a tonelada, menor preço intradiário desde 6 de julho. Na
Bolsa de Commodities de Dalian, na China, o contrato caiu 3,9 por
cento, anulando um ganho anterior.
“As exportadoras de minério de ferro estrangeiras caminham para a
principal temporada de carregamentos em um momento em que as retiradas
diárias dos portos chineses estão em queda”, informou a Maike Futures,
em nota, em seu website. “As restrições à produção de aço entre os
clientes limitarão a demanda.”
A commodity entrou em bear market no mês passado em meio à
preocupação de que os cortes à produção de aço na China para combate à
poluição durante o inverno afetarão o consumo em um momento em que as
mineradoras estão ampliando a produção. Entre os pessimistas, o Goldman
Sachs advertiu que a queda do minério de ferro provavelmente continuará à
medida que os governos locais do maior usuário implementarem os limites
de forma mais estrita. Os preços menores prejudicam produtoras como Rio
Tinto, Fortescue Metals e Vale.
“O mercado está meio que retomando de onde parou antes do feriado da
Semana Dourada”, disse Ric Spooner, analista da CMC Markets em Sidney,
por telefone, em referência ao recesso da semana passada na China,
quando os mercados financeiros permaneceram fechados. “A tendência
global tem sido de queda do minério de ferro há algum tempo.”
Novos dados sobre o setor imobiliário da China aumentaram o
pessimismo quando os traders chineses retornaram, nesta segunda-feira.
As vendas de novas residências em Pequim totalizaram 116 unidades
durante o feriado, menor número desde 2009, publicou o Economic
Information Daily, citando dados da Centaline Property. As vendas em
Xangai caíram 78 por cento, para 178 unidades, ressaltando uma
incipiente desaceleração nos mercados imobiliários, que representam
grande parte da demanda por aço.
O minério de ferro de referência com 62 por cento de teor ferroso em
Qingdao estava em US$ 62,27 a tonelada seca na sexta-feira após atingir
US$ 61,48 no dia anterior, menor preço desde junho, segundo a Metal
Bulletin. Após oscilarem em um amplo espectro, chegando perto de US$ 95
em fevereiro e caindo para cerca de US$ 53 em junho, os preços recuaram
21 por cento neste ano.
O Deutsche Bank informou em 5 de outubro que os limites impostos pela
China podem afetar a demanda a curto prazo, derrubando os preços para a
faixa entre US$ 50 e US$ 60 antes de uma recuperação em 2018.
“Estimamos que os esforços do governo para reduzir a poluição e melhorar
a qualidade do ar serão estruturais e continuarão pelo menos nos
próximos cinco anos”, afirmou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário