As negociações comerciais entre a União Europeia e o Mercosul vivem uma semana crucial desde esta segunda-feira (2), em Brasília, onde
os sul-americanos esperam receber uma oferta de carne bovina e etanol
por parte dos europeus, que estão divididos sobre esses itens.
Após uma troca de ofertas em maio do ano passado, a União Europeia
garantiu que completaria a proposta agropecuária após as eleições da
França e da Alemanha. "Não apresentar a oferta seria terrível", diz uma
fonte do Mercosul, principalmente quando o objetivo é alcançar um acordo
até o fim do ano.
Na quinta (28), em reunião em Bruxelas, a Comissão Europeia,
responsável pelas negociações comerciais, propôs aceitar 70 mil
toneladas de carne bovina e 600 mil toneladas de etanol por ano de todos
os países do Mercosul, disseram três fontes à AFP.
A proposta preocupou países com maior tradição agrícola. França,
Irlanda, Bélgica e outros "garantem que não é a hora" de apresentar a
oferta e pedem para que isso ocorra "mais para o fim das negociações",
de acordo com uma fonte europeia.
Outros oito países, entre eles Alemanha, Itália, Portugal, Espanha e
Reino Unido, consideram que "é um bom momento de avançar e propor algo
aos países do Mercosul, para dar fôlego às negociações".
Nenhuma das fontes consultadas pela AFP confirmou se, nesta semana, a
oferta europeia vai finalmente ser posta à mesa. Já são mais de 30
rodadas de negociações.
A União Europeia "ainda discute as ofertas aduaneiras" com os países,
disse na sexta (29) fonte do bloco europeu, que destacou a vontade de
"encontrar equilíbrio justo entre a importância de seus produtos para
nossos parceiros do Mercosul e a necessidade de proteger os agricultores
europeus".
Desde a troca de ofertas no ano passado, a discussão sobre o acesso
ao mercado de bens, serviços e compras públicas ficou paralisada até que
a UE conclua sua oferta agropecuária.
Mas isso não deteve outros grupos de trabalho, que debatem temas que
terão que ser resolvidos politicamente. Sem a oferta agropecuária
europeia, "depois de outubro não teremos nada para fazer, acaba o
universo de assuntos técnicos", disse uma fonte.
Entre os temas abertos, ficariam questões sobre indicações de origem
controlada. Outro ponto é o acesso a medicamentos. Europeus querem maior
proteção às descobertas de suas companhias farmacêuticas, mas o
Mercosul interpreta a questão sob ótica da saúde pública.
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