O Porto de Santos recuperou o limite máximo do
calado operacional de 13,2 metros no Trecho 1 do canal de navegação, que
vai da Barra até o Entreposto de Pesca. Com isso, em dias em que a maré
está alta, navios com até 14,2 metros de calado (profundidade que pode
ser atingida pela embarcação) estão autorizados a trafegar no complexo
santista, até as proximidades da Brasil Terminal Portuário (BTP).
A
medida foi divulgada ontem pela Companhia Docas do Estado de São Paulo
(Codesp). A decisão foi tomada após a análise, por parte da Capitania
dos Portos de São Paulo (CPSP), de uma batimetria (levantamento de
profundidade) encaminhada pela estatal que administra o Porto de
Santos.
Com o resultado desta
análise, o Porto volta ao patamar de navegação que havia perdido após o
assoreamento (deposição de sedimentos) no final do primeiro semestre.
Isto porque, no dia 30 de junho, as autoridades portuária e marítima
foram obrigadas a restringir a navegação para navios com até 12,3 metros
de calado.
Esta redução do
calado no Trecho 1 do canal de navegação pegou os usuários do Porto de
surpresa. Além dos prejuízos financeiros, eles apontaram transtornos
logísticos causados pela restrição no cais santista. Só o Centro
Nacional da Navegação (Centronave) estimou em R$ 109 milhões o prejuízo
semanal causado aos armadores que escalam no cais santista.
Uma
semana depois, após pressão dos empresários e esforços de dragagem
especificamente no Trecho 1, houve uma pequena recuperação da
profundidade. Isto permitiu a elevação do calado operacional para 12,6
metros. Em seguida, a Autoridade Portuária, novamente, concentrou
esforços na retomada da profundidade e garantiu mais 40 centímetros de
calado.
“Como os trechos 2, 3 e
4 já estavam dragados, nós trabalhamos efetivamente e exaustivamente
para resolver a questão do Trecho 1 e fizemos uma nova batimetria na
semana passada”, destacou o diretor de Engenharia da Codesp, Hilário
Gurjão.
Segundo dados do
Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo
(Sindamar), a cada centímetro a menos de calado, deixa-se de embarcar
entre sete e oito contêineres. Com a redução atual, isso representa uma
perda de carregamento de até 720 caixas metálicas ou 5 mil toneladas de
carga por viagem.
Para o
presidente da Federação Nacional dos Operadores Portuários (Fenop),
Sério Aquino, apesar da redução das restrições de navegação, as
limitações ainda estão longe do ideal. “A necessidade é termos, pelo
menos, 14,5 metros de calado no Porto de Santos”.
A draga Pearl River,
utilizada pela Dragabras Serviços de Dragagem para a manutenção das
profundidades do canal de navegação, está em manutenção e deve retomar
as operações em cerca de 20 dias. No total, ela ficará em torno de um
mês sem fazer a retirada de sedimentos no complexo santista.
“Embora a draga Pearl River
encontre-se inoperante em processo de reparos, o que desejamos é a
manutenção constante dos acessos, berços e bacia de evolução do Porto de
Santos com maior frequência, sem intervalos longos, que prejudicam a
manutenção do calado e o acesso ao Porto devido ao assoreamento do canal
e do estuário, como decorrência das condições climáticas adversas”,
destacou o diretor-executivo do Sindamar, José Roque.
Segundo
Gurjão, após a retomada das obras, a embarcação atuará em todos os
trechos da via marítima. “Agora, o calado operacional está igual ao
patamar que tínhamos em junho e, daqui a pouco, a draga voltará à
operação normal. O setor fica preocupado, mas não há risco de novas
perdas”. O executivo explica
também que, apesar de não haver problemas com a dragagem de berços, uma
nova batimetria dos pontos de atracação foi entregue à Autoridade
Marítima para análise.
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