O Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)
reprovou, por unanimidade, a compra da Mataboi pela JBJ Agropecuária.
Entre os argumentos para vetar a operação, está a concentração de
mercado já que a JBJ pertence ao empresário José Batista Júnior, irmão
de Joesley e Wesley Batista, controladores da JBS, empresa líder no
mercado nacional de abate e comercialização in natura. A Mataboi e a JBJ terão 30 dias para desfazer a operação a partir da publicação da decisão.
Segundo
o Cade, embora não haja relação societária entre a JBS e a JBJ, o
parentesco e as ações dos controladores das duas empresas, como a
indicação recente de José Batista Júnior para assumir a presidência da
JBS na ausência dos atuais controladores, evidenciam uma potencial
atuação coordenada entre as empresas após a conclusão da operação.
A JBJ atua basicamente na criação de gado para abate e no mercado de carne bovina in natura
no varejo em Goiânia. Já a Mataboi opera no mercado de abate de gado e
de comercialização de carne bovina in natura e subprodutos do abatedouro. De
acordo com o Cade, além da possibilidade de concentração horizontal, se
considerada a participação da JBS, a operação implica na integração
vertical nos seguintes mercados: de criação de gado, no qual a JBJ Agro
atua; no de abate de bovinos, que compreende atividade desenvolvida pela
Mataboi em Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso; no de comercialização de
carne bovina in natura desossada para o atacado, no qual a Mataboi atua; e no de comercialização de carne in natura no varejo em Goiânia, Goiás, onde o Grupo JBJ atua.
Análises
feitas pela Superintendência e pelo Departamento de Estudos Econômicos
do Cade também consideraram que, no caso de coordenação com a JBS, a
operação em questão representaria mais um movimento de concentração da
empresa, o que já havia sido alvo de preocupação e alerta do Cade em
análises passadas de atos de concentração envolvendo a JBS. O órgão,
inclusive, proibiu novas aquisições da empresa em certas localidades
onde o nível de concentração já é elevado.
A
aquisição da Mataboi pela JBJ Agro foi realizada por meio de Contrato
de Compra e Venda de Participação Societária, firmado em 22 de dezembro
de 2014, mas só foi notificada ao Cade em 12 de novembro de 2016. Por
causa da consumação da operação antes de notificar o Cade, o Tribunal
do conselho já havia aplicado multa no valor de R$ 664 mil às partes
envolvidas na operação, no ano passado. Além disso, o Cade havia
homologado acordo com a empresa impedindo que os acionistas da JBJ Agro,
principalmente José Batista Júnior, exercessem qualquer cargo junto à
concorrente JBS, ou obtivessem e/ou fornecessem informações
concorrencialmente sensíveis a uma ou a outra, até o julgamento do caso.
Por
meio de sua assessoria de imprensa, a Mataboi informou que irá recorrer
da decisão e está estudando medidas administrativas e judiciais para
pedir a revisão da sentença do Cade. “A empresa reitera a
convicção na lisura de suas atividades e entende que medidas de
governança já adotadas ao longo do processo são suficientes para
assegurar o desenvolvimento sustentável do setor sem impactar na sua
operação, que garante mais de 2 mil empregos, é a base da economia nas
regiões onde atua e representa cerca de 7% das exportações de carne
bovina do Brasil”.
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