As obras de dragagem no rio Paraguai foram tema de audiência na
Comissão de Viação e Transporte, que debateu um melhor escoamento da
produção agrícola de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Estudo da Universidade Federal do Paraná mostra que o transporte hidroviário representa 25% do custo do transporte rodoviário
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT)
apresentou à Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados,
nesta terça-feira (17), medidas para melhorar o uso do rio Paraguai no
transporte de mercadorias e passageiros. Estudo de viabilidade técnica,
econômica e ambiental feito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)
constatou que, apesar das boas condições de navegabilidade, o rio, que
tem 1.270 quilômetros em território brasileiro, tem trechos que precisam
de manutenção para garantir o uso seguro durante todo ano.
No Brasil, a hidrovia Paraguai liga as cidades de Cáceres, em Mato
Grosso, a Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul. Um dos principais
problemas enfrentados pelas embarcações é a vegetação aquática que se
desenvolve durante o período de seca e se desprende durante as cheias,
prejudicando o ritmo de navegação. Outros dois problemas são a pouca
profundidade e a largura do rio em alguns trechos.
O superintendente do Instituto Tecnológico de Transportes e
Infraestrutura da UFPR, Eduardo Ratton, explicou que o custo do
transporte hidroviário equivale a 25% do custo do transporte rodoviário.
E citou um exemplo. O Mato Grosso produz 30 milhões de toneladas de
soja por ano para exportação. Se 5 milhões de toneladas fossem
transportadas pela hidrovia, haveria uma economia anual de R$ 1,2
bilhão.
“Aquele que hoje leva de caminhão a sua produção até Santos,
Paranaguá, 1.800 quilômetros por rodovia, poderia utilizar a hidrovia
com uma vantagem econômica bastante grande. Então o foco, o benefício é
para o produtor. E o governo federal tem que garantir a manutenção da
hidrovia para que isso se dê de forma a propiciar uma navegação segura”,
observou.
Na opinião da deputada Christiane de Souza Yared (PR-PR), uma das
requerentes da audiência pública, todos ganham com o uso da hidrovia. “A
importância de estarmos sempre discutindo e trazendo essas questões à
Câmara Federal, à Casa do Povo, é exatamente para que os deputados
abracem essas causas”, disse.
As obras de dragagem no rio Paraguai são fundamentais para o melhor
escoamento da produção de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O diretor de
infraestrutura aquaviária do DNIT, Erick Moura de Medeiros, acrescentou
que também cabe ao parlamento do Mercosul articular para que os outros
países por onde passa o rio façam a sua parte para otimizar o uso dos
2.200 quilômetros da hidrovia fora do Brasil.
A meta, segundo ele, é ampliar as oportunidades de terminais para
navegação naquela região do Paraguai, no tramo norte e no tramo sul, e
possibilitar que os países do Mercosul possam se beneficiar do que está
sendo estudando no trecho nacional. A primeira obra, disse, é o Passo do
Jacaré, que vai acabar com um grande estrangulamento no rio Paraguai.
O Passo do Jacaré fica na região de Corumbá e é um dos 21 trechos
críticos que necessitam de dragagem. Para fazer a dragagem do rio são
necessários R$ 10 milhões anuais, o mesmo custo para implantar três
quilômetros de rodovias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário