A colheita de soja no Brasil atingiu 34,3% da área estimada para a
temporada 2016/17, com as atividades mantendo-se em ritmo mais acelerado
que a média histórica para esta época, informou a consultoria Safras
& Mercado nesta quarta-feira (1º). Houve um avanço de quase 10 pontos percentuais ante a semana
anterior. Os trabalhos de colheita no país, maior exportador global de
soja, estão levemente adiantados em relação ao mesmo período do ano
passado (33,3%) e avançados em relação à média histórica dos últimos
cinco anos (25,5%), segundo a consultoria.
Atoleiros e bloqueio a caminhões carregados de soja na rodovia
BR-163, no interior do Pará, vêm atrapalhando o escoamento da safra. Chuvas fortes e atoleiros no trecho não asfaltado da BR-163 impedem
que a soja chegue aos portos do Norte do país, o que resulta em
prejuízos de US$ 400 mil ao dia, com a impossibilidade de embarcar o
produto, informou na sexta-feira (24) a associação que representa as
indústrias da oleaginosa no Brasil, Abiove.
Obras e serviços realizados nos últimos dias ainda não foram ainda
suficientes para liberar o fluxo de milhares de caminhões carregados com
soja e de outros veículos, informou nesta quarta a Polícia Rodoviária
Federal. Embora alguns veículos tenham sido liberados, por meio do uso de
máquinas, ainda são cerca de 3.000 carretas que não podem seguir viagem,
de acordo com a Polícia Rodoviária Federal de Santarém (PA). "A situação ainda está crítica, deu uma amenizada porque o pessoal está
trabalhando. Só que a chuva realmente complica", disse o policial
rodoviário Bruno Bittencourt.
O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes)
informou nesta terça-feira (28) que homens do Exército e da Polícia
Rodoviária Federal chegaram no fim de semana aos pontos de retenção
verificados na BR-163 e na BR-230 no Pará para a execução dos serviços
de manutenção. "Desde a madrugada desta terça-feira, parte do tráfego foi liberada
na BR-163 sentido Sul (para Mato Grosso). Caso as condições
meteorológicas sejam favoráveis, a expectativa é de liberação total do
tráfego até esta sexta-feira (3), com a recuperação de pontos isolados
em um segmento de aproximadamente 37 quilômetros", disse o Dnit em nota.
Dados do serviço Agriculture Weather Dashboard, da Thomson Reuters,
apontam, no entanto, que as chuvas devem continuar intensas nos próximos
15 dias, sem nenhuma trégua. Os acumulados até 16 de março na região do sudoeste do Pará, onde estão concentrados os problemas, devem atingir 161 milímetros.
O Dnit disse que suas equipes estão trabalhando em duas frentes
simultaneamente, nas proximidades da Comunidade Jamanxim e próximo à
Vila Santa Luzia, ao longo da BR-163. Dos 1.006 quilômetros da BR-163 no Pará, faltam 100 quilômetros para serem asfaltados, destacou o departamento.
"O trecho da BR-163 onde se verificaram os pontos críticos devido às
chuvas será pavimentado este ano. A meta do Dnit é asfaltar 60
quilômetros da rodovia em 2017", afirmou o órgão. A previsão de conclusão do asfaltamento de toda a BR-163 no Pará é 2018.
A rodovia é um importante canal de escoamento da safra brasileira de
grãos, ao fazer a ligação das regiões produtoras de Mato Grosso com
terminais fluviais localizados às margens do rio Tapajós, no município
de Itaituba (distrito de Miritituba). Importantes empresas do agronegócio, como Bunge, Hidrovias do Brasil e
Cargill, operam terminais na região Norte, servindo-se do carregamento
de barcaças na bacia amazônica e da exportação por meio de terminais
localizados principalmente na região Barcarena, perto de Belém (PA).
Em Miritituba, as empresas não recebem soja desde o dia 18 de
fevereiro, informou na sexta o gerente de economia da Abiove, Daniel
Furlan Amaral. Segundo o Dnit, o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, irá
se reunir com representantes de empresas exportadoras para definir uma
estratégia logística que "garanta a manutenção da trafegabilidade ao
longo da rodovia durante o chamado inverno amazônico e o consequente
escoamento da produção agrícola". A Cargill, Bunge e a Hidrovias do Brasil não quiseram comentaram o assunto.
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