A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), para cortar despesas, reduziu em duas horas a
jornada de trabalho no setor responsável pela programação de atracações
de navios no Porto de Santos. A medida foi recebida com preocupação por
agentes marítimos, que apontam atrasos e prejuízos aos usuários do
complexo santista.
“Sem
dúvida, haverá acúmulo de manobras de navios com diversas restrições
pela Praticagem, ternos de Estiva à disposição e custos adicionais
refletindo em toda cadeia logística que interage com o comércio
exterior. Esses problemas, certamente, não foram avaliados quando da
adoção dessa medida”, destacou o diretor-executivo do Sindicato das
Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José
Roque.
O planejamento das
atracações no cais santista é realizado pela Supervisão do Tráfego
Aquaviário (STA) da Codesp, que integra a Gerência de Acessos Terrestre e
Aquaviário (Getaq) da companhia. O departamento faz o controle dos
navios em relação a sua documentação e a seus dados técnicos, com a
finalidade de efetuar a correta programação de atracação em obediência
às normas, às resoluções e à legislação vigentes. Também faz seu
acompanhamento até deixarem a região do Porto.
O
setor também se responsabiliza pela solicitação para a execução de
serviços acessórios nos navios, durante sua estada no cais – como os
atividades de abastecimento de água e combustíveis das embarcações e a
escolta terrestre para mercadorias especiais e cargas de projeto.
Todos
os dias, pela manhã, há uma reunião em que são definidos os horários
(“janelas”) de atracação. Mas, de acordo com Roque, às sextas-feiras,
principalmente as que precedem feriados prolongados, esse trabalho se
estende até cerca de 10h30, sobrando pouco tempo até a saída para o
almoço às 11 horas.
“Na
semana passada, fomos comunicados que uma associada (do Sindamar) tentou
mudar uma atracação de navio depois da reunião de atracação. Às 12h45,
ainda não tinham conseguido falar com alguém por telefone para fazer o
pedido fora de boca, como os funcionários da Codesp tratam. Foi preciso
aguardar até as 13 horas para conseguir falar sobre a alteração do
horário de um navio que havia acabado de ter uma mudança de prioridade.
Isso atesta o quanto será prejudicial para as operações dos navios e
para a própria Codesp”, destacou Roque.
Segundo
o executivo, as agências que não trabalham com fiança bancária serão as
mais afetadas. Isto porque, em alguns casos, as empresas fazem
depósitos bancários para garantir a atracação das embarcações. A medida é
comum em navios graneleiros.
A
interrupção das atividades do setor de atracação durante o horário do
almoço também pode prejudicar a requisição de portuários através do
Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo), entidade que administra as escalas
de serviço dos trabalhadores avulsos, caso de estivadores, conferentes e
vigias. Isto porque, segundo o diretor do Sindamar, a programação deve
estar definida até 11h25 para a solicitação das equipes, o que acaba não
ocorrendo com a interrupção do funcionamento do departamento da Docas
no horário de almoço.
A
saída, segundo o representante das agências de navegação, é o
escalonamento de funcionários da Codesp entre 11 e 13 horas. “A
requisição de trabalho junto ao Ogmo para o período da tarde vai até
11h15, por vezes até 11h25 e, se adotado o escalonamento dos
funcionários, haverá precisão para saber quem entra ou não na sequência.
E como já enfatizado, ajudaria a sedimentar melhor junto à Praticagem
(os profissionais que orientam a navegação dos cargueiros no interior do
complexo marítimo) e aos amarradores os navios programados após a
reunião diária, que termina ao redor das 9h45 ou 10 horas”, explicou
José Roque.
Em
nota, a Codesp informou que eventuais impactos gerados nas programações
e agendamentos dos navios previstos serão avaliados no período de
implantação de um novo horário de atendimento. A estatal destacou que
está revendo os horários de turnos de toda a empresa, visando eliminar
impactos no atendimento aos usuários e agências de navegação.
“A
iniciativa de alteração teve caráter exclusivamente administrativo e,
até o presente momento, não se verificou nenhuma ocorrência. Destacamos
que o processo está em fase de implantação e sujeito a eventuais
adequações, visando a melhoria do nível de serviço”, informou a
Autoridade Portuária.
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