Os US$ 400 bilhões em dívidas do setor de transportes marítimos que
os bancos detêm representam um risco enorme se a transição para a
economia de baixo carbono não começar a ser feita já. Essa é a principal
conclusão do estudo Navigating Decarbonisation: An approach to evaluate
shipping’s risks and opportunities associated with climate change
mitigation, conduzido pelo Carbon War Room, organização sem fins
lucrativos fundada por Richard Branson, em parceria com a UMAS. Trata-se
da primeira abordagem já feita para testar o stress climático dos
ativos do setor de transporte marítimo.
James Mitchell, associado sênior para o transporte do Carbon War
Room, explica: "Risco não é nada novo para a indústria naval ou para as
principais instituições financeiras, mas o risco da transição climática
é. Se uma decisão de financiar uma nova construção é tomada hoje, esse
navio muito provavelmente terá que competir sob novas politicas da
Organização Marítima Internacional do da União Europeia antes de seu
primeiro atracamento seco. Este trabalho sugere que esses riscos terão
impacto no mercado e devem ser avaliados agora".
Os financiamentos de projetos e empréstimos corporativos para a
indústria de transporte marítimo internacional têm sido um grande
negócio para as principais instituições financeiras. Este estudo,
realizado ao longo de 18 meses, identificou que, embora algumas partes
interessadas financeiras estejam cientes dos riscos de ativos
encalhados, poucos bancos avaliam a eficiência dos navios ou têm
programas de empréstimo em vigor para manter os ativos competitivos. Os
autores recomendam que uma maior diligência seja levada a cabo hoje
pelos financiadores, armadores e acionistas para evitar perdas até
meados da década de 2020. A transição para uma economia de baixo carbono
exigirá investimentos significativos para manter os navios
competitivos.
"Os financiadores devem investir no futuro e preparar-se para
aproveitar as novas oportunidades que a descarbonização irá criar. Mesmo
com US$ 400 bilhões em dívida do setor global de transporte marítimo em
jogo, temos pouca evidência de que isso esteja acontecendo. Nós demos o
primeiro passo", disse Jules Kortenhorst, CEO, Sala de Guerra do
Carbono e Rocky Mountain Institute.
Navigating Decarbonisation é a terceira etapa de uma pesquisa sobre
ativos encalhados e risco climático no transporte marítimo que está
sendo conduzida em parceria pelo CWR e UMAS. Ela oferece um método para
analisar como as políticas de mitigação dos gases de efeito estufa no
transporte marítimo e as contribuições nacionais no âmbito do Acordo de
Paris podem afetar os investimentos existentes e futuros.
Tristan Smith, diretor da UMAS, explica: "A principal vantagem
do relatório é permitir que os financiadores e os armadores estejam
preparados. Portanto, é crucial para os ativos futuros planejar a
flexibilidade desde o início, por exemplo, projetando para futuras
adaptações e usando mecanismos de financiamento inovadores para lidar
com uma variedade de cenários futuros. A análise de cenários que combina
uma avaliação tecnoeconômica integrada com uma série de cenários de
políticas previsíveis pode ajudar a navegar pelas incertezas futuras e
ajudar os financiadores e os armadores a tomar decisões mais informadas
sobre seus ativos.”
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