O Governo Federal estuda como ampliar a
autonomia administrativa das companhias docas de todo o País, proposta
defendida pelo setor desde a década passada. Esta iniciativa integrará a
segunda leva de mudanças que o Ministério dos Transportes, Portos e
Aviação Civil (MTPAC) pretende fazer no marco regulatório portuário, a
Lei 12.815, de 1993. O primeiro conjunto de medidas, que visa
impulsionar os investimentos privados nesse mercado, deve ser definido
nos próximos 15 dias e publicado através de um decreto.
O
MTPAC criou um grupo de trabalho, formado por representantes da própria
pasta e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq, o órgão
regulador do setor), para a atualização da legislação do setor
portuário. O objetivo é propor novos procedimentos e adequar os
atualmente estabelecidos, para permitir o fomento das atividades
portuárias no Brasil, incluindo a captação de investimentos
estrangeiros.
“Depois da
última Lei dos Portos (Lei nº12.815), houve uma concentração muito
grande de poder em Brasília, no poder central. E isso tem dificultado a
gestão dos portos delegados. Para comprar qualquer coisa, para tudo
precisa de uma autorização de Brasília”, destacou o ministro dos
Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella.
Segundo
o titular da pasta, após debater medidas para impulsionar os
investimentos no segmento, o Governo está iniciando uma discussão sobre
como diminuir a burocracia nos processos e para “que as autoridades
portuárias de portos delegados tenham mais autonomia para fazer compras,
decidir investimentos”.
Questionado
se essas alterações legais vão permitir que as companhias docas voltem a
ser responsáveis pelas licitações de terminais e áreas de seus
complexos portuários (responsabilidade, hoje, que cabe à Antaq), o
ministro tratou a questão como uma possibilidade. “Não sei. Pode ser que
sim. Pode ser que saia da proposta e pode vir a ser discutido”.
De
acordo com o ministro Maurício Quintella, o pacote com a primeira parte
das mudanças no marco regulatório deve ser concluído no início deste
mês, Entre as propostas elaboradas, está a ampliação dos prazos de
concessão de terminais portuários por mais 10 anos. O plano é que as
áreas possam ser exploradas pela iniciativa privada por 35 anos,
prorrogáveis por igual período.
Hoje,
os arrendamentos portuários têm uma vigência de 25 anos, podendo ser
prorrogádos pelo mesmo período. A expectativa é de que, com a publicação
do decreto com as alterações na lei, o período de exploração das áreas
salte para 35 anos, mantendo as mesmas condições.
ssa
regra pode, inclusive, passar a valer para os terminais que firmaram
contrato com o Governo antes de 1993, quando foi promulgada a primeira
Lei dos Portos, a de nº 8.630.
Atualmente,
segundo levantamento da Associação Brasileira de Terminais Portuários
(ABTP), mais de 20 instalações aguardam a adaptação de seus contratos em
todo o País, inclusive para a realização de investimentos em
equipamentos e no restante da superestrutura. A maioria dessas unidades
permanece operando com base em liminares judiciais, por considerar que
tem direito a ficar na área, que é da União. Isto acontece porque, até
1993, a exploração de áreas nos portos pela iniciativa privada se dava
através de contratos que não tiveram origem em licitações. Geralmente, o
prazo de validade desses instrumentos era de 10 anos, podendo ser
renovados pelo mesmo prazo.
“O
Governo está discutindo a possibilidade jurídica de se fazer essa
adaptação. A proposta que foi apresentada pelo setor privado (para
ampliar a validade das concessões, entre outras medidas) foi aprovada
pelo MTPAC, pela Antaq. Os nossos jurídicos veem possibilidade. É uma
forma de garantir maiores investimentos, atrair investimentos. É
fundamental para o Brasil neste momento. A perspectiva de investimento é
grande, se isso for juridicamente possível”, explicou o ministro dos
Transportes, Portos e Aviação Civil.
Se
concretizada esta medida, o Governo abandonará o plano de reformular
áreas do Porto de Santos. Isto porque, no governo anterior, a ideia era
aproveitar o vencimento de contratos para unir áreas e licitá-las como
terminais maiores, adaptados às embarcações mais modernas e à nova
realidade da navegação.
As
propostas elaboradas pelo grupo de trabalho para destravar investimentos
e reduzir a burocracia nos processos do setor portuário estão em
análise na Casa Civil. A minuta ainda retornará à pasta para uma nova
apreciação de seu departamento jurídico. Em seguida, ela já poderá ser
publicada para que as novas regras sejam conhecidas pelo mercado. (imagem do Porto do Rio de Janeiro)
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