quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Chineses criam fundo de US$ 15 bilhões para investimentos em infraestrutura no Brasil

         Os chineses enviaram a Brasília uma minuta de formação de um fundo voltado para projetos industriais e de infraestrutura – que já teve uma empresa criada em Pequim para geri-lo – o Claifund (China Latin American Industrial Cooperation Investment Fund) – e se comprometeram a retirar US$ 15 bi de suas reservas internacionais para capitalizá-lo. O governo brasileiro havia se comprometido a fazer um aporte de US$ 5 bilhões. A sugestão é que o Banco do Brasil seja usado como parceiro. Os resultados parecem ser fruto dos acordos firmados há oito meses pela presidente Dilma Rousseff e pelo primeiro-ministro da China, Li Keqiang.
          Um dos desafios é encontrar uma solução para o risco cambial envolvido nos financiamentos concedidos no país. Diante das restrições orçamentárias, uma das possibilidades cogitadas é recorrer ao dinheiro devolvido aos bancos públicos como regularização das pedaladas fiscais, mas o aporte não precisa ser desembolsado de uma única vez.
          Nas conversas com as autoridades brasileiras, ficou claro que o objetivo dos chineses é buscar retorno ao capital investido, e não vincular seus empréstimos ao fornecimento de equipamentos. Ou seja, uma ferrovia não precisaria ter locomotivas ou trilhos provenientes da Ásia, nem uma usina hidrelétrica ter turbinas “made in China” para contar com recursos do novo fundo.
          “Eles têm demonstrado muito interesse nas tratativas e nos garantiram ter reservado recursos para o fundo”, disse Claudio Puty, ex-secretário de Assuntos Internacionais no Ministério do Planejamento e atual secretário-executivo do Ministério do Trabalho e Previdência Social. Segundo ele, essa parece ser uma oportunidade única “que não deve ser desperdiçada”.
          Os dois países começam a pensar em projetos potenciais para receber financiamento. Um dos candidatos potenciais é a segunda linha de transmissão que escoará a energia produzida pela hidrelétrica de Belo Monte, cuja concessão foi arrematada pela chinesa State Grid no ano passado, com investimentos previstos de R$ 7 bilhões até 2019.
          A ferrovia Bioceânica, megaprojeto que pretende ligar Brasil e Peru pelos trilhos, vem tendo seus estudos tocados por um grupo de engenheiros chineses instalados em Brasília. Eles já traçaram diversas alternativas para o empreendimento. Uma das hipóteses é que o ponto final da ferrovia seja o Porto Sul da Bahia, em Ilhéus, que também pode receber investidores chineses para sua construção.
          Os estudos de viabilidade devem ser concluídos no fim do primeiro semestre e contemplam três opções de saída no Pacífico: os portos de Bayóvar (norte do Peru), Callao (centro) e Ilo (ao sul). No Brasil, duas alternativas de saída eram estudadas: Assis Brasil e Cruzeiro do Sul, no Acre. A primeira esbarra em dificuldades topográficas do lado peruano; a segunda é complicada do ponto de vista ambiental e cruza terras indígenas.

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