A movimentação de cargas no Porto de Santos
deve superar as previsões da Companhia Docas do Estado de São Paulo
(Codesp). A estatal responsável pelo complexo portuário santista
divulgou nesta terça-feira, 12, uma nova projeção de crescimento para 2017, onde o
agronegócio é apontado como a principal alavanca do setor. O volume
transportado na região pode ultrapassar 123 milhões de toneladas.
A
previsão aponta um crescimento de 10 milhões de toneladas em relação ao
que foi movimentado em 2016. Essa diferença representa o fluxo de um
mês no Porto. Na projeção anterior, feita em janeiro, a estimativa era
de 122 milhões de toneladas movimentadas neste ano.
O
novo levantamento foi feito pela equipe da Gerência de Estatísticas da
Docas, que afirma que a “expectativa é conservadora”, uma vez que não se
levou em conta um cenário mais otimista da economia.
Boa
parte da responsabilidade pela nova perspectiva é consequência do
agronegócio. Juntos, soja, milho, açúcar e adubo devem somar mais de 55
milhões de toneladas. “Temos uma supersafra de soja e milho que vai
fazer com que esse cenário se concretize”, analisa o consultor portuário
Fabrizio Pierdomenico.
A
Codesp acredita que a soja deva ser a principal carga movimentada em
2017, superando o açúcar, que teve o maior volume no ano passado. A
projeção é que o complexo soja, composto por farelo e grãos, cresça em
torno de 5,7% sobre o ano passado e atinja 19,9 milhões de toneladas.
Já
o milho, que registrou queda no ano passado, promete retomar os índices
de 2015, quando bateu recorde. O novo diagnóstico dos técnicos da Docas
apontam para uma movimentação de 12,5 milhões de toneladas, com
crescimento de 59,7% sobre 2016, tornando o commodity na 3ª posição de
importações e exportações, depois da soja e do açúcar.
A
principal carga de importação em quantidade, o adubo, registrou alta de
44,2% nos primeiros cinco meses do ano em relação ao período de 2016 e a
perspectiva inicial de um crescimento em torno de 6,3% em 2017,
chegando a 3,5 milhões foi ajustada para 3,9 milhões de toneladas.
E
é o derivado da cana que contrasta com os demais produtos na análise,
apresentando uma retração. Mesmo com um crescimento esperado de 3,8%, o
açúcar teve uma queda em relação à projeção de janeiro, passando de 20
milhões de toneladas para 19,1 milhões de toneladas.
Um
dos motivos da redução é o atraso de aproximadamente 16 milhões de
toneladas no processamento da cana pelas usinas e a queda da safra.
Para
o economista e especialista portuário Helio Hallite, essa movimentação
independe da das questões econômicas nacionais deste momento. “A gente
tem uma rotina na dinâmica do agronegócio que não depende muito da
economia interna. Quem está lá fora, vai continuar comprando açúcar, por
exemplo”, afirma.
Sobre as
interferências na logística da região, Hallite afirma que o Porto ainda
tem problemas. “Se por um lado a indústria fez a sua parte, nós temos
passivos importantes de logística e de acessos. Não fizemos a lição de
casa e esse crescimento de movimentação no Porto pode evidenciar as
questões que temos, tanto no calado quanto na dragagem. É essencial ter
planejamento”.
A movimentação de cargas em contêineres também foi
revista na nova projeção da Codesp. A estimativa da estatal para a carga
geral conteinerizada é atingir 3,66 milhões TEU (unidade equivalente a
um contêiner de 20 pés), subindo a projeção do início de 0,5% para 2,6%
sobre o movimentado em 2016, que foi de 3,56 milhões TEU.
A retomada do nível de atividade econômica no País é
o fator apontado pela Docas para este crescimento. “Essa retomada
aumenta a competitividade dos produtos brasileiros de maior valor
agregado, e a importação de carga geral”, afirma a estatal.
O aumento da safra de grãos também deve fazer o
movimento de contêineres crescer no Porto de Santos, uma vez que parte
dos embarques destes produtos é feito desta forma.
Para o consultor portuário Fabrizio Pierdomenico,
essa movimentação não deve superar os 2%. Ele concorda que a avaliação
da Autoridade Portuária tenha sido conservadora e acredita que o segundo
semestre será um termômetros do comércio para a exportação. “É um
período sempre melhor, pois é quando começam a chegar os produtos para o
Natal. Vai depender muito desta expectativa comercial a recuperação
econômica que pode influenciar na movimentação dos contêineres”,
analisa.
De acordo com a Codesp, a participação na balança
comercial brasileira se mantém acima dos 27% do total. Se considerados
apenas os portos, a presença de Santos sobe para 35%.
Nenhum comentário:
Postar um comentário