A redução da profundidade máxima e do limite do
calado operacional (fundura máxima que os navios podem atingir quando
totalmente carregados) no Porto de Santos, confirmada na última
sexta-feira, trouxe preocupação e indignação aos usuários do complexo
santista. O prejuízo pode chegar a US$ 1,6 milhão por navio. Para os
agentes marítimos, sobrou a tarefa de rever embarques de cargas já
programados, tanto no transporte de produtos a granel, quanto de
contêineres.
“Uma coisa é
certa: já estamos tendo prejuízos”, afirma José Roque, diretor-executivo
do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo
(Sindamar). Ele se refere à redução calado operacional na entrada do
Porto. Antes, a regra permitia a navegação de embarcações com até 13,7
metros. Agora, a restrição é para navios de até 12,3 metros, em
condições normais de maré.
A
entidade estima que nos navios de contêineres, a cada centímetro a
menos de calado, deixa-se de embarcar entre sete e oito unidades. Com a
redução atual, isso representa uma perda de carregamento de até 720
contêineres ou 5 mil toneladas de carga por viagem.
De
acordo com os cálculos do Sindamar, com o frete médio a US$ 2.300, o
prejuízo fica em torno de US$ 1.6 milhão por navio. No caso das cargas
de granéis, com 90 centímetros a menos, as embarcações deixam de
transportar 9 mil toneladas, perdendo o frete de US$ 27mil, além do
exportador, no caso da soja, deixar de vender o equivalente a US$
324mil.
“Embora a Codesp
tenha informado que a draga Pearl River já esteja programada para
realizar a dragagem do trecho compreendido entre a Barra e o Entreposto
de Pesca, até ser concluída a dragagem, os usuários do Porto de Santos
enfrentarão enormes dificuldades e transtornos em suas logísticas
operacionais”, afirma representante do Sindamar.
Entre
outras implicações, ele aponta impactos comerciais com compradores
internacionais pelos compromissos assumidos, que podem resultar em
multas ou até no cancelamento de contrato firmado e não cumprido.
A
limitação do calado também pode provocar outros gastos aos agentes que
atuam no complexo portuário santista, pois para atender essa nova
profundidade reduzida, são obrigados a ter despesas com armazenagem,
zarpando com os navios com a sua capacidade de carregamento prejudicada
na alocação das cargas.
“Isso
traz um resultado negativo na balança comercial devido à limitação no
carregamento. Resultado: exporta-se menos com esse calado”, avalia
Roque.
Procurada para
comentar sobre as alterações ocorridas depois da redução do calado, a
Codesp informou, por meio de nota que a “programação dos navios
permanece normal e os trabalhos de dragagem acontecem dentro da
programação prevista”.
Na
última sexta-feira, após reclamações de terminais portuários e da
detecção de três pontos de assoreamento (deposição de sedimentos) na
entrada do Porto, a Codesp deslocou a draga para o local que necessitava
de dragagem.
No entanto, a
Autoridade Portuária também não informou quando esta frente de trabalho
concluída e nem quando será realizada uma nova batimetria (levantamento
de profundidades) para avaliar se houve ampliação na profundidade do
canal do Porto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário